Ele é o homem a ser batido nas eleições para o Senado em São Paulo. Nos últimos 16 anos, Eduardo Matarazzo Suplicy, 64 anos, 1,83 m e um carisma pessoal que lhe valeu 6,7 milhões de votos na última eleição (43% dos válidos), tem sido “o” senador dos paulistas. É do PT, mas parece mais amplo que o partido. Tem posições de esquerda, porém, com a ajuda do sobrenome histórico, é palatável às elites e à classe média. Até mesmo em seu processo de separação da ex-prefeita Marta Suplicy a maioria do público, segundo as pesquisas, posicionou-se a seu favor.

Tudo somado, ele parece caminhar tranqüilamente para uma terceira eleição em outubro, certo? Não exatamente. O namoro explícito entre o presidente Lula e os caciques do PMDB está se mostrando capaz de abalar a sólida união entre Suplicy
e seu partido. Rumores insistentes dão conta de que, na hora decisiva, o PMDB pedirá o sacrifício da candidatura de Suplicy, em troca de fechar com Lula. O partido, assim, aumentaria as chances de vitória de um dos seus candidatos ao Senado. No caso, o ex-governador Orestes Quércia. A lógica do acordo também seria a de fortalecer a candidatura do próprio PT ao governo paulista, com os hoje candidatos Marta Suplicy ou o senador Aloizio Mercadante sendo apoiados pelo PMDB. Na briga para o Senado, com Suplicy sem a legenda, os petistas jogariam suas fichas sobre o nome de Quércia.

Para que esse esquema dê certo, falta o encaixe da peça mais importante: o próprio Suplicy. “Na hipótese, que até agora não existe, de o PT querer uma coligação para abrir mão da vaga ao Senado, deve haver uma consulta às bases do meu partido”, diz ele. “Que se faça, então, uma escolha aberta, não só para os filiados, mas para todos os interessados, que são os eleitores paulistas em geral.”
– Se ocorrer esse casamento PT-PMDB, o sr. se sentiria traído?
– A minha sugestão democrática é esta: uma prévia não restrita aos filiados, como ocorre nos Estados Unidos. Acho que isso seria bem interessante.
Está lançado o repto.