Ninguém poderia imaginar, há dez anos, que um dia levaria na carteira um passaporte equipado com um chip de computador onde ficam guardados todos os dados do viajante. Mais próximo dos filmes do espião britânico 007, esse cenário virou realidade depois dos atentados às torres gêmeas de Nova York, em 2001. Os ataques terroristas impulsionaram uma frenética busca pelos mais variados arsenais tecnológicos capazes de identificar com precisão o indivíduo.

Só o governo britânico, por exemplo, pretende gastar quase US$ 9 bilhões para equipar seus diplomatas com passaportes biométricos. Uma tecnologia que usa sinais e medidas das estruturas do corpo humano para verificar a identidade de cada um – da íris do olho às impressões digitais. Além dos britânicos, uma série de países já começou a fazer testes com passaportes e vistos que trazem informações biométricas, além da tradicional foto e do número do documento. Os primeiros adeptos foram a Bélgica e a Inglaterra.

Esse tipo de tecnologia digital vai aposentar de vez os documentos em papel.
Não será mais necessário sacar da carteira o RG e o CPF cada vez que alguém
for abastecer o carro, por exemplo. Os bancos e outras instituições financeiras,
a reboque dessa silenciosa revolução, aproveitam as denúncias de fraude e de crimes envolvendo roubo de identidade para também adotar esses mecanismos
de alta tecnologia. Um dos mais revolucionários sistemas de identificação é o
DNA, o código genético de cada ser humano, responsável pela nossa singularidade. O DNA oferece o mais confiável método de reconhecimento, porque ele é único
para cada indivíduo do planeta – só gêmeos idênticos partilham o mesmo DNA. Ainda assim, o DNA enfrenta um empecilho técnico para ser usado em larga
escala: o seu processamento exige uma apuração que consome de quatro a cinco horas de análise.

Em poucos anos, devem entrar em operação as senhas que fazem a identificação só através do corpo. Uma delas é um dispositivo para analisar à distância a temperatura de várias partes do corpo – além da leitura da íris, do formato do rosto e das impressões digitais, é claro. Sabe-se que os sistemas de segurança nunca são perfeitos, mas o emprego de documentos eletrônicos é uma forma de apertar o cerco contra as fraudes. A empresa alemã Infineon foi uma das mais ativas em levar suas inovações do laboratório para as ruas. Fabricante de chips para combater fraudes bancárias e equipar passaportes eletrônicos, ela tenta preservar a privacidade incluindo um processador que embaralha os dados dos documentos de identidade, o que impede que sejam devassados por qualquer um.

No Brasil, a vanguarda da tecnologia de identificação digital está na Receita Federal. O órgão já está implantando o CPF eletrônico. Trata-se de uma forma segura para o contribuinte enviar sua declaração de renda pela internet, consultar sua situação junto ao Fisco e ainda verificar qualquer pendência. Nada mais é do que um cartão magnético equipado com um chip em que estão armazenados os códigos que a Receita trata como invioláveis e que garantem o sigilo de todas as informações. No que diz respeito às pessoas jurídicas, a Receita já exige das empresas com receita bruta superior a R$ 30 milhões a apresentação da declaração via internet somente com o certificado digital.