Lawrence H. Summers foi vice-presidente do Banco Mundial (1991-1993) e permaneceu dois anos como secretário do Tesouro americano sob a administração Bill Clinton, entre 1999 e 2001. Um tremendo sucesso profissional. Logo após deixar o governo, quando assumiu a reitoria de Harvard, a mais importante universidade do planeta, ele tinha credencial, brilho intelectual e estatura acadêmica para permanecer décadas no cargo. Mas alguma coisa deu errado. Ele não se adaptou a Harvard, ou melhor, Harvard não se adaptou ao “estilo Summers”. Na terça-feira 21, ele renunciou. A tendência à centralização, a disposição para o embate e a verve ferina que o ajudaram a galgar altos postos do serviço público dessa vez provocaram sua queda.

Summers fez carreira em cargos públicos em Washington, e não no meio
acadêmico – onde a diplomacia, com seus próprios eleitores, é tão importante quanto qualquer brilho intelectual. “Larry Summers é um homem brilhante, cujo único problema é não conseguir controlar seus instintos”, disse a ISTOÉ Marvin Kalb, professor de Harvard.

Economista formado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), ele logo demonstrou excelência na teoria econômica. Sete anos depois de se formar, já pendurava na parede o título de PhD. Em 1983, aos 28 anos, tornou-se o professor mais jovem de Harvard. A precocidade e a experiência no Banco Mundial despertaram a atenção do Departamento do Tesouro americano, o que lhe rendeu o convite para trabalhar em Washington. Após dois anos no Tesouro, Larry Summers caiu nas graças do então secretário, Robert Rubin, que o escolheu para sucedê-lo. Suceder Rubin, ex-presidente do colosso Goldman Sachs e querido pelo mercado, foi um belo desafio, ao qual ele correspondeu.

Ao retornar a Harvard, com seu séquito de ajudantes, seu estilo foi posto à prova. Acostumado com o poder dos cargos que ocupara, Summers entrou em conflito com a autonomia e a gestão descentralizada da universidade. E angariou uma série de desafetos. No ano passado, brigou com meio mundo ao dizer que os homens têm hegemonia sobre as mulheres nas mais importantes carreiras científicas por causa de “diferenças inatas”. O poderoso e politicamente incorreto ex-secretário do Tesouro morreu pela língua.