Nem bem largou e a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin à Presidência da República já enfrenta novas turbulências. Em dois dos maiores colégios eleitorais do País – São Paulo e Bahia – despontaram na semana passada surpresas desagradáveis para o candidato. Em seu berço político, Alckmin está assistindo a uma incomum agitação dentro da Assembléia Legislativa. Ali, com o apoio velado de seus aliados do PFL, ele vai assistindo à formação de uma comissão de inquérito para investigar a gestão do banco estadual Nossa Caixa. Antigos auxiliares estão sendo convocados a depor, o que anima os adversários do PT. “Vai faltar água e sabão para o banho de ética que ele prometeu dar”, sentencia o líder petista Renato Simões.

Na Bahia, o maior colégio eleitoral do Nordeste, o candidato tucano está, neste momento, simplesmente sem palanque. O governador Paulo Souto, do PFL, disse com todas as letras que, por mais que simpatize pessoalmente com Alckmin, não se vê em condições de apoiá-lo. “Enquanto o pessoal do PSDB estiver me hostilizando, não dá”, revelou Souto ao jornalista Ricardo Noblat. “Não falo pelo partido, falo em meu nome pessoal, mas falo sério.” Logo em seguida, porém, o grande cacique pefelista local saiu a público em apoio a Souto. O senador Antônio Carlos Magalhães confirmou que a iniciativa do PSDB local de fechar com o candidato a governador João Durval vai fazer com que os pefelistas cruzem os braços quando Alckmin passar por ali e pedir o apoio deles. Explica-se: ACM e Durval são adversários de longa data, com um histórico de diferenças que só aumenta.

Em Brasília, enquanto isso, as cúpulas tucana e pefelista vão tentando se acertar para que os primeiros problemas não rachem a aliança que está sendo costurada. Ficou mais intrincada, no entanto, a questão da escolha do candidato a vice na chapa de Alckmin. Ele já admitiu preferir o senador José Jorge, do PFL de Pernambuco, mas a coordenação nacional de sua campanha já foi entregue ao senador Sérgio Guerra, tucano, mas que também é de Pernambuco. Assim, caso insista no nome de Jorge, Alckmin pode despertar ciúmes em políticos de outros Estados. O melhor, nesse caso, parece ser uma pausa para reflexão.