22/03/2006 - 10:00
O mais novo agente secreto do Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA, tem dois metros de comprimento, pesa 100 quilos e nada a uma velocidade de oito quilômetros por hora. É um tubarão – mais precisamente da espécie tubarão-azul (conhecido cientificamente como Prionace glauca). O anúncio americano de que o seu Departamento de Defesa incluirá um tubarão em seus quadros se deu no Havaí durante a Reunião de Ciências Marítimas da União Americana de Geofísica. A missão da fera do mar
será das mais estratégicas: vigiar silenciosamente e de muito perto os navios que possam ser inimigos. Esse projeto de espionagem é financiado pelo Pentágono e prevê o uso de diversos tubarões. Mais: dá aos cientistas o aval para que eles implantem chips no cérebro desses tubarões, sobretudo nas regiões responsáveis pelo olfato.
Esses sensores agem criando um “cheiro virtual” capaz de estimular o tubarão a nadar em sua direção. É como se ele “achasse” que estivesse sentindo mesmo o cheiro verdadeiro de uma eventual presa e, assim, o tubarão espião pode ser direcionado para onde os espiões humanos acharem necessário. Também o seu instinto agressivo é monitorado para que ele se aproxime do alvo, um navio ou um submarino, por exemplo, mas se contenha e não o ataque. Através de um computador, o chefe da missão secreta de espionagem, esteja
em terra ou a bordo de uma navio, guia e monitora os movimentos do tubarão como se tivesse em mãos um controle remoto biológico. Os comandos saem de um laptop e são transmitidos por intermédio de sondas pelas torres de transmissão da Marinha americana – com poder de alcance de até 300 km. Os chips estimulam o lado direito ou o lado esquerdo do centro olfativo do cérebro do tubarão para que ele responda ao comando como se tivesse sentido cheiro de sangue – quanto mais forte o estímulo, mais o animal irá girar e avançar em direção ao alvo. O próximo passo dessa estratégia será soltar um tubarão “teleguiado” no oceano Atlântico, na costa da Flórida. “Desde os anos 80, os pesquisadores estudam projetos dessa natureza que custam em média US$ 1 milhão”, diz o biólogo Carolus Vooren, fundador da Sociedade Brasileira para o Estudo dos Elasmobrânquios (o estudo dos tubarões). Na Universidade de Boston os cientistas já utilizam esses dispositivos para guiar tubarões em aquários. Daqui para a frente, esses gigantescos aquários serão o próprio mar.