Pequeno Buda, onde estás?” Essa pergunta, misto de perplexidade e angústia, corria entre os moradores da pequena vila de Ratanapuri, no distrito de Bara, ao sul do Nepal. “Pequeno Buda, onde estás?” Em maio do ano passado, o Pequeno Buda Ram Bamjan, 16 anos, sentou-se entre as imensas raízes de uma árvore e pôs-se a meditar. Dez meses se passaram. Na sábado 11, ele sumiu – e pelo menos até a quinta-feira 16 continuava desaparecido. Quem o viu meditando narra que Ram Bamjan trajava uma túnica que lhe cobria o torso e um dos braços. Os seus seguidores garantem que o jovem permaneceu todo esse tempo sem se alimentar e sem beber água. Quanto ao seu sumiço, houve quem cogitasse de que o Pequeno Buda poderia ter sido abduzido por um disco voador. Com os pés mais no chão, muitos budistas passaram a temer o seu seqüestro por guerrilheiros maoístas que incendiaram as cercanias da região onde ele meditava. Há ainda uma terceira hipótese: o Pequeno Buda ficou nervoso e mandou às favas os seus adeptos, que faziam barulho quando iam vê-lo sob a árvore. Embrenhou então na floresta em busca de paz.

Pouco tempo após ter se sentado sob a árvore, as lendas a respeito de Ram Bamjan se disseminaram na vila de Ratanapuri. Estima-se que aproximadamente 100 mil pessoas tenham ido visitá-lo porque muitos de seus seguidores o consideram “a reencarnação de Buda”. Ele nunca aceitou essa teoria e reiterava que precisava “meditar no silêncio para obter a iluminação”. Apesar do aviso, uma pequena indústria se formou ao redor do jovem: vendedores ambulantes passaram a cercar a sua árvore (num raio de 50 metros de distância) oferecendo cartões-postais e CDs. Até mesmo para um paciente zen-budista, tudo isso é azucrinação demais.