12/03/2008 - 10:00
ELA QUENTE Paredão que eliminou Juliana (de vermelho) e poupou Marcelo (de chapéu amarelo) teve a maior votação da história do BBB
É raro encontrar um programa de tevê tão criticado pela frivolidade. Mais difícil ainda é descobrir um investimento com retorno tão espantoso. Contrariando as teses de que a fórmula se desgastou, na terça-feira 4 o oitavo Big Brother Brasil bateu recorde em seu paredão, momento no qual os telespectadores da Rede Globo tiram um participante da casa (onde eles ficam confinados) e da disputa ao prêmio de R$ 1 milhão. Foram 64,6 milhões de votos. Para se ter idéia da mobilização, o presidente Lula foi reeleito, em 2006, com 58,3 milhões e depois de meses de campanha pelo País. E voto, no BBB, significa dinheiro: o programa é hoje o líder em faturamento da emissora.
PROJETO Boninho planeja fazer um BBB com quarentões. Isso não garante conversas mais inteligentes
Cada um dos cinco patrocinadores desembolsou R$ 10 milhões e não tem do que reclamar. "Não sobrou um produto nas prateleiras em 2007. Enquanto existir BBB, vamos patrocinar", comemora Otto Pajunk, diretor de mídia da Artplan, que tem a conta da Niely Cosméticos, um dos cinco que bancam o programa. A empresa gastou outro tanto em um mini BBB, sorteando 12 consumidores para um fim de semana na casa. O voyeurismo escancarado, que o escritor inglês George Orwell profetizou no livro 1984 e a empresa holandesa Endemol patenteou nos anos 90 para a tevê, transforma a atração em vitrine dos mais variados produtos e alvo de eficientes ações de marketing. A começar pelos singelos telefonemas, ao preço de R$ 0,31 a ligação. O comercial de 30 segundos custa R$ 250 mil. O BBB tem a segunda maior audiência da Globo (na terça-feira 4 teve média de 41 pontos), encostado na novela das oito. Se, em seus 90 dias de transmissão atrair 1.500 anúncios, estima-se que serão R$ 375 milhões, mais do que o orçamento anual da TV Brasil.
O merchandising é outra mina, com preços de R$ 700 mil a R$ 1 milhão. O BBB ainda turbina o site Globo.com, pois só os assinantes bisbilhotam a casa em tempo real, além dos que pagam o pay-per-view pela operadora de cabo Net. Uma fórmula tão certeira que, em 2009, vai ampliar a faixa etária de seus participantes. O diretor José Bonifácio de Oliveira, Boninho, planeja um BBB com pessoas na faixa dos 40 anos. Mas não se deve esperar diálogos mais maduros ou filosóficos. "O Marcos tem quase 30 anos e ainda se mostra um covarde, um banana", diz o diretor, duro também com o músico Rafinha. "Ele tem 26 anos, mas se comporta como se tivesse 15. Esse time resolveu fingir que está no jardim de infância." Boninho nega a exploração do erotismo: "Brasileiro é careta. Na Alemanha, eles ficaram uma semana nus. Aqui, teria de pôr tarjas o tempo todo." Sexo, então, nem pensar. "Se um ou outro se masturba, não é explícito, é sob o edredon", diz o diretor.