04/02/2004 - 10:00
Discos
Rock n roll, com Ryan Adams (Universal Music) – Tudo bem que, para dar um toque mais contemporâneo, na capa do disco ele escreve o título ao contrário. Mas ousadia mesmo nestes tempos de som sintético é um artista de 29 anos batizar seu álbum com o nome de Rock n roll e honrar a decisão compondo e tocando o ritmo que mudou os rumos da música popular na segunda metade do século XX. Pilotando todas as guitarras, Adams fez um disco cheio de diferentes tonalidades de brilho em cada canção roqueira de raízes paleolíticas, mas com vitalidade jovial. Natural do Estado americano da Carolina do Norte, Adams também se mostra um sujeito politizado. No seu site, entre seus links favoritos estão o da Anistia Internacional e o do diretor iconoclasta Michael Moore, aquele que não perde oportunidade para esculhambar George W. Bush. (Apoenan Rodrigues)
Cinema
Encantadora de baleias (cartaz nacional na sexta-feira 6) – Koro (Rawiri Paratene) é um homem fiel à tradição maori, da Nova Zelândia, cultura que reserva o cargo de chefe aos herdeiros masculinos. Como seu filho Porourangi (Cliff Curtis) recusa a liderança, o ancião espera ver a linhagem retomada pelo neto que ainda não tem. A mulher de Porourangi gera um casal de gêmeos, mas tanto ela quanto o menino morrem durante o parto. Pai – interpretada por Keisha Castle-Hughes, que concorre ao Oscar de melhor atriz – é a irmã sobrevivente. Abandonada pelo pai, passa a ser vista pelo avô como símbolo de azar. Deste rancor, a diretora neozelandesa Niki Caro recriou uma das mais emocionantes fábulas maori usando como locação a própria ilha de Whangara onde a lenda se originou e é hoje um paraíso de surfistas barulhentos. Premiado no Festival do Filme de Sundance de 2003, o filme marca a estréia como atriz da graciosa Keisha, a garota com o dom de encantar baleias. Apesar da lentidão de alguns trechos, é um trabalho tocante. (Luiz Chagas)
Evento
Caruso encontra Prestes Maia e pede passagem (Galeria Prestes Maia, São Paulo) – Além de homenagear a cidade natal com as aquarelas publicadas no livro São Paulo por Paulo Caruso – um olhar bem-humorado sobre esta cidade, o cartunista responsável pela página Avenida Brasil, de ISTOÉ, faz uma retrospectiva de suas sátiras políticas, desde as eleições diretas de 1989 até a chegada de Lula à Presidência. Ao todo, são 190 trabalhos originais. Entre os flagrantes espirituosos da capital paulista, um deles guarda sentido especial. Mostra seu pai, de terno verde, diante do prédio onde morava e que até hoje abriga no térreo o histórico restaurante Filé do Morais, no centro velho. No âmbito político, as denúncias contra P.C. Farias, retratado como Batman, os tropeços do ex-prefeito Celso Pitta e os lances da mais recente corrida presidencial, mostrada como Grande Prêmio Brasil, integram as séries de desenhos bem-humorados. (Ivan Claudio)