O que mais impressionou no Fórum Econômico Mundial encerrado neste domingo 25, na pequena, gelada e bonita cidade de Davos, na Suíça, foi a obsessão pelo poderio militar dos Estados Unidos e o desinteresse dos líderes latino-americanos, especialmente Brasil, Argentina, Chile, México e Peru. “Acho que os países estão descobrindo que, se continuarem mais distantes, podem conseguir o que querem”, comentou às agências internacionais Manuel Mora y Araujo, analista de uma empresa argentina de pesquisas de opinião. Os organizadores do Fórum acreditam que a ausência se deveu a questões de agenda dos políticos – e não a alguma coisa na linha de menosprezar a importância do evento. Nem por isso o Brasil e a América Latina deixaram de ser lembrados de que o início de qualquer crescimento saudável começa no mercado interno.

O encontro ignorou o presidente americano, George W. Bush (alvo de todas as manifestações de protesto, fortemente coibidas em vão), mas discutiu com preocupação a questão do Iraque e as perspectivas geopolíticas de 2004. Opiniões coincidentes apontaram o fato de que o resultado da guerra contra o terrorismo é mais guerra e mais terror.

Surpreendeu também o forte esquema policial, um dos maiores da história do Fórum, e a presença do presidente da República Islâmica do Irã, Mohammed Khatami, convidado de honra para o debate de abertura. Foi ele quem primeiro abordou o combate à pobreza e a justiça social como fundamentais para garantir tanto a segurança como a prosperidade, temas do evento em 2004 que dizem muito a seu próprio país, que tem uma renda per capita de US$ 6.800 e 40% da população classificada como abaixo da linha da pobreza.