"O banheiro é chique demais, sô!” O entusiasmo da mineira Tatiana Macelan, 26 anos, ao voltar à mesa onde estão as amigas Jacqueline, Emiliana e Daniela, dá o tom da aprovação com que turistas e cariocas receberam os quiosques high tech do calçadão de Copacabana. Elas são psicólogas e estiveram no Rio para um treinamento da empresa. Entre uma reunião e outra, foram tomar um chope no quiosque do Caroline Café, em frente ao Copacabana Palace, atraídas pela arquitetura arrojada. O projeto inicial previa a substituição dos 309 quiosques da orla em tempo de impressionar o público dos Jogos Pan-americanos em julho de 2007, mas, como a maioria dos presentes prometidos à cidade-sede do Pan, só quatro saíram do papel até agora. Com o fim do verão e a redução dos turistas, as praias começam a mudar de roupa para a próxima temporada.

A empresa Orla Rio – que explora os calçadões do Leme ao Pontal e prepara mais 30 quiosques até o Ano-Novo para Copacabana – convidou o arquiteto Luiz Eduardo Índio da Costa para desenhar os novos bangalôs. São estruturas circulares metálicas e envoltas por vidro, uma solução para não roubar a vista do mar. Cada par de quiosques custa R$ 1,5 milhão, segundo o vice-presidente da Orla Rio, João Marcello Barreto, incluindo os dois bangalôs, o deque comum de fibra sobre a areia e uma estrutura subterrânea para a cozinha e o estoque. Os quiosqueiros, cuja cessão de uso venceu em 2003, têm prioridade para continuar à frente de seus negócios. Só que nem todos querem legalizá-lo ou dispõem de cerca de R$ 50 mil para o mobiliário e os equipamentos da cozinha. A maioria deverá arrendar seu direito ou passar o ponto para marcas da boemia carioca, como o Caroline Café e o
centenário Bar Luiz.

A carioca Fernanda Ramos tem apenas uma crítica: o banheiro subterrâneo que encantou a mineira, todo em vidro esverdeado, cobra R$ 1 a cada visita. “Para quem bebe muito chope, é prejuízo.” Ao lado do Caroline fica o Rainbow, ponto GLS nos fins de semana e “careta” nos dias úteis. Tem 13 anos e seus donos resolveram permanecer. Não parecem arrependidos, mesmo tendo aumentado de quatro para 13 o número de funcionários. “É lindo, lindo, e o público aumentou dez vezes. O faturamento também”, alegra-se o sócio Fernando Junqueira, 55. Do chope a R$ 3,20 ao vinho francês Elegance de Lespasse a R$ 76,50, o cardápio também foi ampliado. Só saiu a bandeira com as cores do arco-íris, símbolo homossexual. Com as novas despesas para a manutenção do negócio, todo cliente é bem-vindo – mas nem todos precisam saber o que acontece nos dias mais agitados. “Quem sabe, sabe. Quem não sabe, não precisa saber”, diz o dono do quiosque. É o jeitinho carioca, em todos os sentidos.