Na última semana, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, se viu envolvido em uma situação embaraçosa. Ele é acusado de haver participado de reuniões informais em uma casa no Lago Sul de Brasília. Trata-se de um imóvel alugado por Vladimir Poleto – antigo auxiliar de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) –, que na CPI dos Bingos é apontado como a “casa do lobby”. Na casa, segundo depoimentos prestados à CPI, assessores de Palocci, lobistas e empresários se reuniam para discutir negócios e também para festinhas reservadas. Desafetos do ministro afirmaram que Palocci participou de algumas dessas reuniões. Não provaram o que diziam e o ministro sempre negou tal informação. Na quinta-feira 16, Francenildo dos Santos Costa, antigo caseiro do imóvel, deveria depor na CPI. A oposição, no entanto, foi surpreendida por uma decisão judicial que impediu a audiência de Francenildo. Mesmo assim, ele chegou a responder a três senadores durante aproximadamente uma hora, até que a ordem judicial chegasse ao Congresso. Foi tempo suficiente para alegar que o ministro frequentava a casa de 15 em 15 dias, sempre nas noites das quintas-feiras, entre 2003 e o início de 2004. Dentro do governo e entre pessoas próximas ao ministro há a absoluta convicção de que o caseiro Francenildo mente – sobre a orientação de quem e movido por quais objetivos ninguém sabe. O ataque do caseiro pode ser parte de uma trama para desestabilizar o governo.

O presidente Lula, já na sexta-feira 17, afirmou publicamente que não acredita nas versões lançadas na CPI. “Palocci ganhou respeitabilidade no mundo inteiro pela sobriedade e pela seriedade no trato das questões econômicas”, ressaltou o presidente, garantindo que o ministro fica no cargo. Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça, também mostrou indignação: “A CPI é um instrumento importante da democracia, mas temo que esta CPI (dos Bingos) tenha perdido o foco e esteja fazendo uma investigação seletiva e uma disputa eleitoral”, afirmou. A mesma tese é compartilhada pelo ministro Jacques Wagner. De acordo com ele, a CPI está se transformando em palanque eleitoral. “Querem atingir um dos esteios deste governo”, conclui o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.