O prefeito de Salvador, João Henrique (PDT), tem dias conturbados pela frente. O Ministério Público da Bahia está avançando na apuração de denúncias contra sua administração. Aberta em fevereiro, uma ação do MP está correndo com base em acusações da ex-secretária municipal de Comunicação Simone Souto Maior. Ela aponta um leque de irregularidades diversas, que vão desde o superfaturamento do serviço de produtoras de tevê à prefeitura até a tentativa de pagar com dinheiro público convites de uma formatura da qual a primeira-dama, Maria Luiza, era a paraninfa. Num primeiro momento, as denúncias foram feitas particularmente por Simone ao prefeito. Mais tarde a ex-secretária levou à promotora Rita Tourinho vários documentos sobre as acusações. “No início da semana vou ouvir a pessoa que pediu que os convites da festa para a primeira-dama fossem pagos pela prefeitura”, adianta a promotora.

Os 1.500 convites custariam aos cofres públicos cerca de R$ 7.500. A prova entregue por Simone ao MP é um e-mail em que a funcionária da agência Engenho Novo, que presta serviço à prefeitura, detalha a quantidade e o valor dos convites e arremata: “Posso mandar fazer?” Naquela ocasião, a tentativa foi barrada por Simone.

A ex-secretária de Comunicação também denuncia a contratação da agência de pesquisa Ipsos Opinion do Brasil Ltda., através da Rede Interamericana de Comunicação, por um valor muito acima do praticado no mercado (R$ 70 mil) e sem contrato formal. Além disso, a estatística pedida deveria ter como tema o Orçamento Participativo e o trabalho entregue era um levantamento eleitoral sobre o quadro político em Salvador. O mais estranho é que a data da pesquisa entregue é dezembro de 2004, enquanto o pedido foi feito em janeiro de 2005. Mais uma vez, foi Simone quem barrou o pagamento do serviço.

Simone Souto Maior atualmente não fala com a imprensa e praticamente não pára em sua casa de Salvador. “Eu tenho todos os documentos sobre os assuntos que citei”, afirmou, na ocasião. Afirmou também que a primeira-dama, Maria Luiza, teve interesses contrariados, já que uma das agências de publicidade denunciadas ao MP tem em seus quadros sua irmã. O prefeito João Henrique diz que só falará sobre o assunto depois da manifestação do MP.