01/03/2006 - 10:00
O polêmico Partido Socialismo e Liberdade (cuja sigla pronuncia-se pissol) está em crise. De crescimento. O estrelato da senadora Heloísa Helena na CPI dos Correios atraiu para a legenda 16 mil filiações, abriu a chance de uma boa performance na eleição presidencial, mas, em compensação, atraiu políticos não exatamente comprometidos com a luta “contra o capital financeiro-imperialista”, como prega a cartilha da legenda. “Esse negócio de esquerda ou direita é modismo”, diz o ex-tucano Eidson Ferreira de Brito, presidente do diretório do PSOL de Sidrolândia (MS). “Não há problemas em recebermos tucanos ou pefelistas”, ecoa o presidente regional do PSOL no Estado, Ney Braga. “Quem mora no interior não faz distinção ideológica.”
A divisão entre puristas que defendem um ferrolho ideológico, como o deputado João Batista de Araújo, o Babá, e os liberais promete render uma boa briga no primeiro congresso do partido, marcado para abril, em Brasília. Todo o diretório regional do PSOL na Bahia foi destituído dois meses atrás porque os chefes nacionais da legenda descobriram o passado de seus integrantes. “Eles haviam sido candidatos pela direita tradicional”, aponta o dirigente Gustavo Mercês. “Tem quem ache que falar em socialismo é malhar em ferro frio”, acentua Babá. “Nós não.” Porém, um ex-fundador do PMDB que migrou para o PSDB e o PPS, o advogado Rui Vicentini, está de malas prontas para desembarcar no PSOL. Também está aninhado na legenda o vereador Garibaldo de Santana Neto, que se elegeu pelo PT em Buriti Alegre (GO), apoiado pelo então endinheirado tesoureiro petista Delúbio Soares.
“O PSOL tem um charme solar para atrair aventureiros”, acredita o vice-
presidente do partido no Rio, Miguel Malheiros. Ali, a aguerrida ex-vereadora
do PDT Regina Gordilho teve sua filiação negada. “Não concordo com o veto ideológico fundamentalista”, critica o deputado da legenda Chico Alencar. A
própria pré-candidata a presidente abre uma janela para a massificação. “Não
são aceitos capitalistas, excelências vigaristas, racistas, homofóbicos e outros
que representam a minoria do povo brasileiro, mas a grande maioria eu aceito”, sustenta Heloísa Helena.