02/09/2009 - 10:00
A palavra “humbug” significa fraude em inglês. É também o nome de um doce popular de gosto amargo. Melhor ter em mente essa última acepção ao ouvir o terceiro CD da banda inglesa Arctic Monkeys – o disco chama justamente Humbug. Se existe algo que fica patente nesse novo trabalho é que o quarteto liderado por Alex Turner está longe de ser um truque como se vinha pensando desde o seu surgimento há três anos. Dono do disco que mais rapidamente vendeu na história da música britânica, o grupo vem com uma sonoridade pesada e sombria – o que realmente faz os trabalhos anteriores, marcados por uma postura neopunk, parecerem adocicados.
DVD
Coppola exagerado
O diretor americano Francis Ford Coppola soltou a imaginação no musical “O Fundo do Coração”, sobre as aventuras amorosas de um casal na noite posterior à sua separação. A história, com trilha de Tom Waits, se passa em Las Vegas, totalmente reconstituída em estúdio. Recentemente restaurada, a obra preserva as incríveis cores da fotografia de Vittorio Storaro e continua fascinante em sua extravagância.
LIVROS
Baú de Jorge Andrade
A obra “Labirinto”, do dramaturgo Jorge Andrade (1922-1984), não é a rigor uma autobiografia, mas cria um rico retrato pessoal do autor do clássico “A Moratória”. Lançado em 1978 e agora reeditado pela Amarilys, o livro traz conversas francas de Andrade com Erico Veríssimo e Sérgio Buarque de Holanda e revisita em primeira pessoa personagens de suas peças e passagens biográficas. “Aprendi que ninguém pode descobrir o labirinto em que o outro vive sem se perder no próprio”, disse o escritor após uma divertida entrevista com o artista Wesley Duke Lee.
TEATRO
Uma “Falecida” atual
A trupe do Centro de Pesquisa Teatral, dirigida por Antunes Filho, explora a sua vocação para o experimental em “A Falecida Vapt Vupt” (Espaço CPT/Sesc, São Paulo). É uma inovadora montagem da peça de Nelson Rodrigues sobre uma mulher que sonha com um enterro luxuoso. Passada em um bar, a trama é entrecortada por conversas aleatórias de frequentadores do botequim. Antunes Filho argumenta que procura, assim, falar à percepção parcial e fragmentada do homem de hoje.