21/01/2004 - 10:00
Mudanças e novidades no mundo da informática acontecem sempre num ritmo frenético. A cada mês aparecem novos computadores, com designs mais modernos e com maior capacidade de memória. Na mesma velocidade, aparecem também manias entre os usuários de micro. A onda do momento é o casemod, ou gabinete modificado, em inglês. Importada da Europa e dos EUA, a moda consiste em turbinar o gabinete, a caixa onde fica o cérebro do computador, com acessórios que mais parecem ter saído de uma danceteria. São fios e lâmpadas coloridas, néons e tampas de acrílico transparente que transformam o frio e monótono computador em algo diferente e personalizado. Uma versão mais avançada da prática de colar adesivos, fotos e outras firulas no micro.
O casemod funciona como um hobby, parecido com aquele que leva os apaixonados por carros a equipar seu automóvel com rodas de liga leve, bancos esportivos, insufilm e uma parafernália acústica. Modificações feitas simplesmente para enfeitar, nada que aumente a sua capacidade interna. Uma boa alternativa para quem quer dar uma cara nova ao micro sem precisar trocar de equipamento. Sem contar que o usuário pode usar e abusar da imaginação na hora de compor a sua obra usando apenas alguns itens básicos. É possível, por exemplo, substituir as comuns luzinhas amarelas ou verdes do botão de comando liga/desliga por leds ou lâmpadas bicolores. Até mesmo a fan, ou ventoinha, usada para resfriar o micro, pode ser modificada para ficar mais atraente. Geralmente são colocadas grades coloridas e néons ao seu redor e os fios e cabos ganham revestimentos de cordas e mangueiras metálicas.
Pode parecer bobagem para uns, mas a mania tem atraído adeptos de todos os tipos, os chamados casemodders. São estudantes, profissionais liberais, homens e mulheres de todas as idades atrás de novidades para o case. O melhor de tudo isso é que a brincadeira não sai cara. “É possível turbinar um gabinete por R$ 200, incluindo mão-de-obra”, diz Fernando do Nascimento, 30 anos, dono da primeira loja especializada em casemod do País, localizada no centro de São Paulo. Lá ele vende peças nacionais e importadas e monta gabinetes ao gosto do freguês.
Os números de casemodders no Brasil ainda são desconhecidos, mas, pela quantidade de internautas que acessam o site criado por Nascimento atrás de dicas e informações sobre as novidades para casemod, o grupo está em crescimento. “São mais de mil por dia”, garante. Enquanto não há uma estatística oficial, os casemodders vão se organizando como podem para disseminar a febre. Fazem debates na internet, trocam e-mails e realizam encontros, ainda tímidos, para exibir suas invenções. No evento realizado no final do ano passado no Rio de Janeiro, foram reunidos cerca de 200 gabinetes. Como em toda nova mania, é comum a influência de algum amigo, irmão ou conhecido.
É o caso de Regiane de Souza, 20 anos, estudante de fonoaudiologia na Santa Casa de São Paulo. Há um ano ela conheceu os casemods através do irmão mais velho e, desde então, não parou mais de inventar moda no seu micro. Com R$ 400 ela trocou a lateral do gabinete por uma tampa de acrílico com acabamento em borracha cromada, colocou uma iluminação especial com néon para a ventoinha, fez uma pintura interna com tinta reagente pink, que dá um efeito luminoso, colocou leds bicolores e a tampa superior foi substituída por uma de acrílico para aparecer as luzes laranja de autobrilho, as únicas que diferem da sua cor preferida, o rosa. As alterações, dignas da Penélope Charmosa, uma das mais femininas personagens de histórias em quadrinhos, fizeram com que seu micro ganhasse um apelido: Fada Rosa. “Meu case está maravilhoso, mas ainda falta muito para ele ficar do jeito que eu quero”, diz Regiane.
Assim como aqueles que gostam de turbinar carros, os casemodders nunca estão satisfeitos. Estão sempre atrás de qualquer novidade que possa incrementar ainda mais o seu equipamento. “Casemod é uma paixão, quem começa não consegue parar”, afirma Nascimento. Já começam a pipocar acessórios semelhantes em mouses e teclados, e como criatividade é o que não falta, não demora muito e essas alegorias poderão ser vistas até mesmo em aparelhos celulares.