Teatro

Obrigado, Cartola! (Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro) – A história do talentoso compositor da Mangueira é contada em certo tom didático, muito
comum neste tipo de biografia encenada. Apenas quando trata do relacionamento entre Cartola e Dona Zica o espetáculo envereda pelo caminho da emoção. O ponto alto são as 23 músicas do biografado e um samba-enredo composto especialmente por Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho, tocados por um azeitado conjunto. No papel de Cartola, Flávio Bauraqui não corresponde ao mesmo nível do seu trabalho mais conhecido, o excepcional Tabu, do filme Madame Satã. Mas impressiona tanto pelo talento vocal como pela semelhança com o compositor. Ainda merecem destaque a atuação de Mariah da Penha na pele de Dona Zica e as soluções cenográficas encontradas por Ney Madeira para recriar no palco o morro verde e rosa. (Chico Alves)

Livros

Ser longe – poemas, de Fernando Moreira Salles (Companhia das Letras, 80 págs., R$ 26) – A estrutura de poucos versos e rimas é realçada pelas ilustrações minimalistas de Iole de Freitas. São 34 poemas que tratam de silêncio, lembrança, vontade, encontro, dúvida, remorso, temas caros ao autor, irmão dos cineastas Walter e João, diretor do Instituto Moreira Salles e sócio da editora que o publica. Fernando Moreira Salles também é editor e autor de resenhas e peças teatrais. Memorando, seu primeiro livro em prosa, escrito em parceria com o jornalista Geraldo Mayrink, foi lançado há uma década e já trazia o desejo de realizar um garimpo interior. O poema Memória entrega o ouro: “Lembrar/é ser longe.” (Luiz Chagas)

Vida noturna

Trash 80’s (Caravaggio – rua Álvaro de Carvalho, 40, Centro, São Paulo) – No início, você pode achar que muitas das pessoas estão fantasiadas de bregas para curtir músicas bregas. Ao se acostumar com o ambiente, porém, notará que, verdadeiramente, é muito tênue a fronteira entre o real e a brincadeira. Fato que, sem dúvida, ajuda a fazer do evento um dos mais divertidos na imensa diversidade noturna paulistana. Idealizado pelos DJs Eneas e Tonyy, o Trash 80’s completa dois anos em maio. É um sucesso retumbante nas noites de sexta-feira e sábado, quando o melhor do pior pop-rock da década de 1980 é tocado, cantado e coreografado na pista lotada. Não espere glamour, flashes dirigidos a celebridades ou muita pose. Sem preconceito, os frequentadores querem pura e simplesmente se divertir. (Apoenan Rodrigues)

Cinema

Mansão mal-assombrada (cartaz nacional) – Mesmo com o carisma em baixa, Eddie Murphy ainda consegue arrancar gargalhadas nesta simpática comédia de horror, originada de uma das mais visitadas atrações da Disneylândia. Na pele do corretor de imóveis Jim Evers, ele, a mulher e dois filhos passam bons sustos numa suntuosa mansão vitoriana, cheia de passagens secretas, estátuas sinistras, estantes cobertas de livros antigos e cortinas de teias de aranha. Colocada à venda por seus estranhos habitantes – o romântico e sedutor Master Gracey (Nathaniel Parker) e o misterioso e afetado mordomo Ramsley (Terence Stamp) –, a casa se revelará um antro de fantasmas, zumbis e criaturas do além. Para as crianças é um prato cheio. Para os adultos, a interpretação de Stamp, inspirada nos clássicos de horror da produtora inglesa Hammer, já vale a hora e meia de correria. (Ivan Claudio)