12/02/2003 - 10:00
Ninguém saiu ileso, na primeira semana de trabalho, da CPI da Assembléia do Rio de Janeiro que investiga a rede de corrupção no Fisco carioca denunciada por ISTOÉ. Além da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dos acusados de mandarem US$ 34,4 milhões para a Suíça, foi sugerido o pedido de prisão preventiva de cinco fiscais. Cabe agora ao Tribunal de Justiça e ao Ministério Público Federal acolherem ou não a recomendação. Só que a caça às bruxas também atingiu os próprios integrantes da CPI. Foi questionada a idoneidade de deputados que receberam doações de campanha da Rio de Janeiro Refrescos, engarrafadora da Coca-Cola. No fim do governo Benedita da Silva, a empresa teve suspensas três multas, totalizando R$ 468 milhões.
“Querem melar a CPI, mas não vão conseguir”, defendeu-se Carlos Minc (PT), alegando que a doação consta do balanço oficial de sua campanha. Minc é um dos três relatores da CPI e recebeu R$ 30 mil da Coca-Cola. Edmílson Valentim, do PCdoB, recebeu o dobro. A acusação foi da deputada Cidinha Campos (PDT), ameaçando se afastar da CPI, da qual é suplente, caso não seja aprovado o impedimento da dupla, pedido na quinta-feira 6 à mesa diretora. O deputado tucano Luiz Paulo Corrêa da Rocha, que recebeu R$ 50 mil da empreiteira CBPO, outra possível envolvida, se comprometeu a se abster nos trabalhos quando a CPI analisar a fiscalização na empresa. Minc e Valentim prometeram fazer o mesmo. A CPI foi aprovada por unanimidade no domingo 2, quando os 70 deputados tomaram posse. A governadora Rosinha Matheus (PSB) rompeu uma tradição e não compareceu à cerimônia. Ao contrário do que esperava, não conseguiu aprovar em regime de urgência a alteração da estrutura de fiscalização de impostos da Secretaria de Fazenda. A CPI ainda reabriu o caso Light.