A unidade de Franco da Rocha, a mais caótica e emblemática representação da Febem em São Paulo, encerra o seu processo de desativação no dia 30 de janeiro. Mas não é só o fechar das portas que promete o secretário estadual de Educação, Gabriel Chalita. Além de acabar com grandes unidades que se parecem com penitenciárias, o seu objetivo é mudar o conceito de todo o sistema – voltando-o mais para a ótica educacional do que a prisional que reforça o preconceito sobre o jovem e não o reintegra. Apesar de estar sentado sobre um barril de pólvora, Chalita mantém uma tranquilidade franciscana. A sua prioridade é operar com unidades menores e segmentadas, capacitar o jovem durante a sua permanência na Febem e, principalmente, mobilizar empresários para assumirem os problemas do aumento da marginalidade entre os adolescentes. Hoje, mais de 600 jovens já estão trabalhando no comércio e na indústria paulista. Empresas como McDonalds, Empório Raviolli, Fundação Bradesco, Metrô, Mister Sheik e indústrias de Bauru e São José do Rio Preto, entre outras, puseram à disposição da secretaria mais de três mil postos de trabalho exclusivamente para atender os menores da Febem. Antônio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, foi um dos grandes empresários que mais se emocionaram ao visitar uma unidade da Febem. Para a montagem de atividades musicais ele doou mais de três mil instrumentos, atendendo a todo o sistema que possui 69 unidades e 6.700 internos. “A estratégia é levar o empresário a conhecer a realidade desses jovens. Não queremos só o cheque, queremos o engajamento da sociedade para que possamos devolver a esses meninos e meninas um novo caminho”, diz Chalita. Ele adiantou que em 2004 haverá uma unidade semi-aberta que será administrada não por funcionários da Febem, mas sim por fundações e ONGs ligadas à juventude.