07/01/2004 - 10:00
Crescimento econômico. Este é o som que deveria sair de todos os instrumentos neste início de ano. Somente uma estratégia de desenvolvimento bem planejada e diversificada poderá abrir alas para a criação de empregos e botar na rua, com a maior rapidez possível, uma política de distribuição de renda capaz de sedimentar um mercado consumidor que ultrapasse as fronteiras da hoje combalida classe média. O ano começa com o Brasil – novamente – na torcida. Ao contrário de 2003, em que tudo era novidade e havia uma grande expectativa com a chegada ao poder da nau petista, agora já são conhecidos o comandante e a tripulação. Ninguém se assusta mais. O governo passou com louvor no teste da credibilidade interna e externa. Garantiu a travessia, jogou fora entulhos com a aprovação de novas reformas, ou seja, como se diz na Esplanada dos Ministérios, preparou a casa para o espetáculo do crescimento. A platéia ansiosa espera que pelo menos os ingressos estejam disponíveis já no início do segundo ano da era Lula.
Mas torcida também se impacienta. O presidente da República sabe que as cobranças virão com mais força, que a oposição – hoje tímida – vai bater lata com vontade. Os adversários vão aproveitar o primeiro teste eleitoral do PT, com a escolha dos novos prefeitos, para cobrar promessas como a criação de dez milhões de empregos. “O governo fez uma conversão para o centro. É mais ortodoxo do que o PSDB na área econômica”, trombeteia o deputado Walter Feldman, uma das novas lideranças do Congresso, no que será o tom dos tucanos para o ano-novo.
O presidente Lula está convencido de que fez o melhor. Sabe também que a batalha será decidida no campo da economia. Com juros civilizados, superávits comerciais, linhas de crédito, o governo pode ensaiar o salto do crescimento. Na arquibancada, o torcedor-cidadão continua otimista, cantando e sonhando com a virada no segundo tempo de jogo. Para a retomada econômica chegar ao Brasil real é preciso que o maestro faça muito barulho na mesma tecla: a criação de empregos.