Torcida não falta. O governo Lula fechou 2003 com 66% de aprovação e a confiança de cerca de 70% da população. Apesar da torcida, o futuro do País depende de ações concretas de governantes e governados e, afirmam os místicos, de uma conjunção simbólica que escapa à lógica cartesiana. Astros, cartas de tarô e entidades do além apresentam diferentes previsões para o ano. Para despertar a ansiedade dos leitores, ISTOÉ entrevistou as astrólogas Bárbara Abramo e Maggy Harrison, o tarólogo Arhan e o médium Robério de Ogum. Bárbara é paulista, colunista do jornal Folha de S. Paulo e lançou no ano passado o livro O governo Lula e os astros (Editora Ágora). Maggy é gaúcha, autora de O livro de bolso da Astrologia (L&PM) e, como Bárbara, lançou mão dos mapas de Lula, do Brasil e do atual governo para apresentar uma visão otimista dos próximos meses. O tarólogo paulista Sérgio Padovan, conhecido como Arhan, tirou das figuras de seu baralho conselhos  para o presidente. Já o médium paulista Robério de Ogum não conseguiu conter o ar de preocupação. Será, em suas palavras, o fim da trégua. É esperar para ver.

BÁRBARA ABRAMO
Davi contra Golias

ISTOÉ – O ano começa bem?
Bárbara Abramo –
Um trânsito de Júpiter em Virgem trará um boom de expansão ao País no primeiro semestre. Haverá prosperidade em tudo o que tem a ver com a terra: pecuária, agricultura e indústria farmacêutica.

ISTOÉ – Será positivo para o MST e o Fome Zero?
Bárbara –
O Fome Zero pode ser favorecido. O MST estará bem no primeiro semestre. Lula deveria resolver a questão da posse da terra já. No segundo semestre, uma quadratura de Plutão com Mercúrio trará batalhas no campo, com bloqueios de estradas e mortes. Plutão traz um rolo compressor e Mercúrio simboliza o dinheiro. Poderá haver intensificação dos oligopólios.

ISTOÉ – O Brasil estará frágil no cenário internacional?
Bárbara –
A política externa iniciada por Lula dará bons frutos no primeiro semestre. Isso irritará os Estados Unidos, que poderão cobrar o pagamento das dívidas no segundo semestre e até pensar em ocupar a Amazônia, caso o Brasil se contraponha à Alca. Seremos obrigados a lutar por nossa independência ou continuaremos atrelados ao capital estrangeiro por mais 256 anos.

ISTOÉ – Conseguiremos sair dessa?
Bárbara –
A diplomacia brasileira terá muitas vitórias. Mas pode ser como o time de futebol que faz um monte de gols e perde o jogo. Será um momento decisivo, uma briga de Davi contra Golias. E todos sabemos que algo de muito sério precisa acontecer para que os Estados Unidos percam essa briga. A posição dos astros estará favorável a nós. Depois de passar por Virgem, Júpiter entrará em Libra, signo da diplomacia, e ativará a casa nove, das relações internacionais. Após setembro, o presidente será convidado a sentar em importantes mesas de negociação. Pode até conquistar a vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.

ISTOÉ – E a popularidade de Lula?
Bárbara –
Estará em alta até maio. Um eclipse no dia 4 sinaliza um momento privilegiado para alterar positivamente a política de salários.
A partir dessa data, sua reputação ficará oscilante. Os brasileiros estarão aspirando, entre maio e junho, a um governante forte, e não mais a alguém que faça discursos emocionados. Em março e em setembro, poderão ser efetivados acordos importantes com outros partidos. Se Lula for maleável, firmará um acordo que estenderá seu poder político para além do mandato.

ISTOÉ – Dá para prever alguma coisa para as eleições municipais?
Bárbara –
Marta Suplicy será reeleita em São Paulo. A tendência no segundo semestre é o favorecimento do caminho do meio. Como o PT está bastante em cima do muro, terá bons resultados. O mesmo cenário pode favorecer o PSDB.

ROBÉRIO DE OGUM
Fim da trégua

ISTOÉ – Entre muitos acertos, você previu que Lula não ganharia as eleições em 2002. O que aconteceu?
Robério de Ogum –
Previ a morte de Tancredo Neves seis meses antes das eleições. Em 1989, previ um episódio parecido. Disse que dificilmente teríamos eleições, mas, se houvesse, o eleito seria um jovem que deixaria o cargo para o vice. Foi Collor de Mello. Vi o mesmo caminho espiritual para Lula. Não o via como presidente e não acredito que termine o mandato. Não sei se
será logo, mas 2004 é um ano muito complicado para ele. Os acertos
e erros nas previsões dependem do livre-arbítrio. O destino já está pronto, mas com muita habilidade e paz de espírito é possível reverter
os carmas. Lula tem muitos carmas. E esse é um ano muito difícil para todos os governantes.

ISTOÉ – Que países serão vítimas?
Robério –
Em Portugal vai estourar um escândalo grande. Até o presidente pode cair por algo ligado à pedofilia. Argentina, Colômbia, Venezuela e Paraguai poderão sofrer grandes turbulências. Tony Blair estará em um mau momento. O próximo primeiro-ministro da Inglaterra pode ser uma mulher. O ano é negativíssimo para Ariel Sharon e Fidel Castro. Apesar da captura de Saddam, Bush não estará bem. Ele
vai brigar com todo mundo. O carma dele é de vingança. Aonde vai, arruma briga. Não ganhará as eleições. Pode sofrer um atentado
e morrer em 2004. O próximo presidente dos Estados Unidos pode ser Arnold Schwarzennegger.

ISTOÉ – Lula também terá inimigos?
Robério –
O espírito de Lula é bom. Ele tem um carma de resgate, que exerce muita cobrança, e estará cercado de pessoas pesadas, sem equilíbrio astral, que decidem muita coisa. A partir deste ano, a troca de ministros será constante. Politicamente, será um ano de conflitos sociais. Movimentos contra o governo vão acontecer aos montes. A violência vai aumentar e a oposição vai crescer. Haverá cobrança social, com muitas greves. Será o fim da trégua.

ISTOÉ – Como Lula vai lidar com isso?
Robério –
Ele foi eleito em um momento em que o mundo virou uma bagunça. O ser humano está perdido e existe uma convulsão social. Lula está tendo que fazer o contrário do que fez antes. As pessoas em volta dele começarão a brigar por poder e provocar rachaduras. E o governo não terá equilíbrio para consertar isso.

ISTOÉ – Isso vai complicar o resultado do governo nas eleições municipais?
Robério –
Depende dos candidatos. Nas eleições estaduais de 1998, disse a Mário Covas que ele só perderia para Marta Suplicy. Ele achou estranho em um cenário com Francisco Rossi e Paulo Maluf. Mas Marta era um astral sem barreiras. Hoje, ela apagou espiritualmente. Não tem mais aquela proteção, aquela garra. Dificilmente Marta se reelege em São Paulo. E Maluf nunca mais vai exercer um cargo executivo. Provavelmente, a Prefeitura de São Paulo será de um homem do PSDB. César Maia ganha no Rio.

ISTOÉ – O PT passará por novas disputas internas?
Robério –
Vai haver rachaduras no PT. Vejo a criação de dois novos partidos políticos neste ano, ambos com muita força. Mas isso não ameaça o presidente. Lula é um grande líder, ninguém tira o seu carisma. Mas é preciso ter muita estrutura para não contar apenas com o carisma.

ISTOÉ – Quais serão os figurões do governo?
Robério –
Antônio Palocci e Henrique Meirelles. O grande astral do governo está centrado neles. Mas sofrerão desgastes. O Palocci é muito sensível e precisa estar sempre se protegendo espiritualmente para evitar sufocos. Quem é rico de espírito e equilibrado de alma como ele funciona como um pára-raio que atrai energias negativas. Isso pode angustiá-lo em um cenário de guerra como este.

ISTOÉ – Teremos mais algum escândalo este ano?
Robério –
Muitos. Vamos bater o recorde de CPIs, com diversos escândalos financeiros. Vai haver uma caçada, principalmente de empresários. Escândalos como o dos juízes teremos aos montes. E não serão CPIs vazias, apesar de muitas surgirem para criar bombas em determinados momentos. Já esse escândalo sexual de Michael Jackson é vazio. Ele vai sair ileso do episódio, mas ficará sozinho e deprimido e pode até pôr fim à própria vida.

ISTOÉ – O papa morre?
Robério –
Ah, sim. Este ano. E deixará o cargo para um africano. Sua morte vai comover o mundo. Ele é muito iluminado e deixará  esse plano rezando uma missa ou discursando. Neste ano vai falecer muita gente importante, incluindo aquela que é, na minha opinião, a melhor atriz brasileira.

ISTOÉ – Teremos uma boa atuação nas Olimpíadas?
Robério –
Vamos ganhar a medalha de ouro no futebol, com certeza. Mas sem Parreira. Acho que está na hora de Wanderley Luxemburgo voltar à Seleção. Haverá uma campanha forte contra Ricardo Teixeira, que poderá deixar a presidência da CBF. Ronaldinho estará em um bom momento, apesar de sua separação ter dado início a um processo de declínio profissional. Acho que ele vai sofrer até problemas na Justiça. Nas Olimpíadas, o Brasil terá revelações incríveis. Daiane dos Santos também trará o ouro.

 

MAGGY HARRISON
Lula veio para ficar

ISTOÉ – O que há no céu do Brasil?
Maggy Harrison –
Júpiter estará na casa oito, que é a casa do dinheiro vindo de fora. Isso significa expansão. Receberemos não apenas dinheiro do FMI, mas investimento real de capital externo. A partir de outubro, Júpiter em Libra tornará possível a assinatura de acordos. Haverá um crescimento do comércio com outros países. Todo o plano de finanças do Brasil será favorável.

ISTOÉ – E a área social?
Maggy –
Em julho, Saturno entrará na casa seis, da saúde e da classe trabalhadora, onde ficará dois anos e meio. Esse planeta  significa cobrança e seriedade e seu trânsito pode indicar benefícios concretos para os pobres. Serão inevitáveis os investimentos públicos
na área social. Alguma epidemia como a da dengue pode ameaçar novamente. É provável que haja geração de emprego, mas o Fome
Zero ainda não decola. Netuno é o planeta da nebulosidade. E ele está em Aquário, signo que rege os projetos do País. O governo precisa organizar o projeto nacional.

ISTOÉ – O mapa de Lula está em harmonia com o do País?
Maggy –
Completa harmonia. O mapa do Brasil após o último 7 de setembro, data de seu aniversário, é praticamente igual ao mapa atual de Lula, com muitos planetas nas mesmas posições. Isso não significa que ele vá governar sem conflitos. A tensão com aliados históricos permanece. Junho será o pior momento. Além de intelectuais e radicais do PT, haverá a oposição dos sem-terra. Mas nada ameaçará o governo nem o desempenho do PT nas eleições.

ISTOÉ – Quem apostar contra o presidente vai perder?
Maggy –
Lula veio para ficar. Se não se reeleger, vai se manter como uma das figuras de maior expressão no País. Minimizar seu poder não será fácil. Ele só não se reelege se houver uma oposição  com muito cacife. Lula subiu devagar e vai ficar no alto. Não adianta esperar uma guinada à esquerda. Sua proposta é de construção responsável e seu ponto forte é a consolidação econômica. O mapa da posse apresenta Sol em Capricórnio, signo da concretização, e ascendente em Touro, que rege a economia.

ISTOÉ – Haverá algum escândalo no governo?
Maggy –
A partir de novembro devem pipocar coisas escondidas. A quadratura de Plutão com Marte indica um novo escândalo no Judiciário.

ISTOÉ – Como é o ano para Lula do ponto de vista pessoal?
Maggy –
Saturno retornará ao ponto em que estava quando Lula nasceu. Esse planeta exerce uma cobrança no que se refere à ética e à justiça. É um professor rigoroso, mas que dá liberdade para agir. No segundo semestre, Lula fará uma retomada de suas ideologias. Se fizer a lição de casa, entrará em um período de ascensão que atinge seu auge no fim do mandato. Acho que ele deve se preocupar com a saúde. Terá de operar o ombro e pode apresentar algum problema na região lombar.

ARHAN (SÉRGIO PADOVAN)
O ano da escolha

ISTOÉ – Qual a tônica de 2004?
Arhan –
A soma dos números de 2004 é seis. A sexta carta do tarô é a do enamorado. Representa a decisão. É o ano da escolha. O ano passado foi regido pelo arcano do papa, que mostra o que é ético, correto, e bota ordem na casa. Agora, cada um será obrigado a tomar grandes decisões. Lula terá de corrigir erros do governo passado e do início do seu. A sacerdotisa e o três de espadas mostram que os projetos já estão na gaveta.

ISTOÉ – A situação financeira da população vai melhorar?
Arhan –
Estrela e cavaleiro de paus. Haverá melhora na distribuição de renda, a taxa de juros continuará baixando e o dólar se manterá estável. O terceiro trimestre será menos favorável, ainda assim, os candidatos do governo irão bem nas eleições, incluindo Marta Suplicy. Mas o governo continuará apertado e terá de agir com austeridade.

ISTOÉ – Como ficarão os ministérios?
Arhan –
Ocorrerão mudanças naturais, muitas já esperadas. Lula  vai reconhecer publicamente que errou ao nomear alguns ministros
e ganhará pontos frente ao eleitorado.

ISTOÉ – José Dirceu e Antônio Palocci correm risco?
Arhan –
Não. A lua e a rainha de paus para Dirceu e o diabo e o pajem  de espadas para Palocci mostram que eles manterão o poder, apesar de Palocci ser um dos mais visados por intrigas.

ISTOÉ – Haverá intrigas?
Arhan –
Sim. Muitas CPIs serão instaladas para investigar setores do governo e do PT. A primeira poderá ser sobre o assassinato de Celso Daniel (ex-prefeito de Santo André). Mas eles estão limpos. O que Lula deseja para a nação é algo puro. Fico arrepiado ao ver nas cartas a intensidade da paixão de Lula pelo povo. Por isso, as intrigas causarão desgaste. Lula se deprime quando algo coloca à prova sua dignidade ou o impede de agir da maneira mais justa. Ainda assim, seu carisma não sofrerá abalos. Os eleitores vêem Lula como um grande lutador.

ISTOÉ – O governo conseguirá concretizar projetos em 2004?
Arhan –
A morte e o cavaleiro de copas dizem que será um ano de revisão de projetos, e não de realizações. Rupturas de velhos planos causarão dor e projetos como o Fome Zero esbarrarão na burocracia. Haverá mais dinheiro circulante, mas não geração de empregos. Isso indica crescimento da atividade autônoma. A boa notícia é que Lula vai iniciar assentamentos, abrir negociações e pôr fim à luta por terra.

ISTOÉ – O futuro de Lula é estável?
Arhan –
Imperador com cinco de paus. Lula continua com o poder  e terá muita sorte. A oposição permanecerá confusa e compreensiva
com o governo.

ISTOÉ – Como estarão as relações internacionais do Brasil?
Arhan –
Torre com ás de espadas. A torre significa ruptura. Apesar dos esforços, haverá decepções, quebras de acordos e dificuldade
no comércio exterior. Muitos parceiros vão nos abandonar. Ficaremos sozinhos. Lula viverá algo parecido em sua vida pessoal: vai se sentir muito sozinho.

ISTOÉ – Teremos bons resultados nas Olimpíadas?
Arhan –

A ginasta Daiane dos Santos vai querer realizar mudanças e não terá tempo de consolidá-las. Alguma burocracia vai impedir a vitória do judoca Tiago Camilo. O vôlei de Bernardinho e o iatista Robert Scheidt trarão medalhas.