10/12/2003 - 10:00
Credicard passa de ano com números exuberantes. A maior emissora de cartões de crédito do País (onde está há 33 anos)
entrará em 2004 com uma base
de 6,1 milhões de cartões emitidos com as bandeiras Visa, Mastercard e Diners Club e um faturamento de
R$ 14,3 bilhões, 25% acima de
2002, resultado que reafirma sua liderança no mercado. Também em 2004, a empresa vai consolidar ações atraentes para seus clientes em relação a encargos: o parcelamento da fatura em até cinco vezes fixas, com encargos variáveis de acordo com o perfil do portador do cartão, o que pode significar redução de até 50%, e queda de 20% para 10% do valor total no pagamento mínimo da fatura. Os encargos no crédito rotativo vão de 4,3% a 12,8% ao mês. O conjunto do setor deverá faturar R$ 82,7 bilhões este ano, marcando um crescimento de 19,4% sobre 2002. O grande trunfo do produto: sabendo usar na data certa, é possível pagar contas de hoje num prazo de 35 dias, sem juros. Para muitos é um instrumento de crédito, uma facilidade, a chance de ir ao supermercado ou de comprar uma coisa cujo valor não cabe em dinheiro na carteira. Também é uma chance de cair numa dívida de tirar o sono. Aí, o melhor a fazer é aposentar o cartão e tentar recuperar o bom senso no consumo. A regra é simples: quem ganha R$ 500 não pode gastar mil, o que vale para quem ganha dez, 20 vezes mais.
A preferência dos consumidores pelo cartão de crédito como meio
de pagamento fica evidente na comparação com o cheque. Entre
1994 e 2003, as transações com cheques caíram 45%, enquanto as
com cartão aumentaram 423%. Pela primeira vez desde o início das operações com cartão de crédito no País, em 1970, o número de transações do setor ultrapassa a marca de um bilhão (1,083 bilhão). E mais crescimento vem por aí. Roberto Lima, presidente da Credicard e do Conselho de Administração do grupo, destaca alguns pontos que justificam suas boas expectativas:
ISTOÉ – Em que se baseia seu otimismo?
Roberto Lima – Acho que o mercado (de cartões) já vem crescendo
a taxas elevadas, de dois dígitos, desde o Plano Real e não há motivo para imaginar que haverá razões para reverter essa tendência. Os estabelecimentos comerciais gostam do cartão de crédito porque é
uma forma segura de tratar os meios de pagamento. As pessoas
acham muito mais fácil carregar um cartão no bolso em vez de talão de cheques e dinheiro. Além disso, os próprios bancos têm interesse em estimular o cartão de crédito porque o processamento da operação é mais barato que o do cheque.
ISTOÉ – A Credicard vai virar banco?
Lima – Temos a intenção de virar banco em função da dimensão que a empresa atingiu. Oferecemos crédito e não somos uma instituição financeira, o que faz com que o status jurídico da empresa não esteja muito adequado. Não pretendemos abrir agências, mas oferecer serviços, seguros, capitalização, crédito.
ISTOÉ – A inclusão de clientes com renda em torno de R$ 500 ganha destaque nas perspectivas do grupo?
Lima – Essa é uma tendência que vem desde 1998/99, quando as empresas de cartão começaram a vender para a população com renda nesta faixa. Nós temos um portfólio e parte dele é composto por pessoas que ganham de R$ 300 para cima. Se o Brasil voltar a crescer, aumentando o emprego e a renda, este mercado se torna extraordinário.
ISTOÉ – O Brasil volta a crescer em 2004?
Lima – Acho que o governo está tendo muito sucesso com as decisões que tomou, como a queda da taxa de juros. Pouco a pouco, se a economia voltar a crescer, a população começa a recuperar a esperança, um fator fundamental. O equilíbrio econômico-financeiro é algo impalpável e custou caro para a população e realmente é difícil explicar o porquê dessas medidas que foram acertadas.