10/12/2003 - 10:00
O ministro da Educação, Cristovam Buarque, apresentou ao Senado, na terça-feira 2, o novo sistema de avaliação das universidades brasileiras, que vai substituir o polêmico Provão – exame anual obrigatório criado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso em 1996. Surpreendentemente, a proposta passou *com louvor pela banca dos mais interessados: os alunos e os professores universitários. A União Nacional dos Estudantes (UNE) acha que a nova forma é um avanço. “O boicote que os alunos faziam ao Provão não vai se repetir neste caso. Esta avaliação não maquia a realidade e as deficiências do sistema vão aparecer”, opina Gustavo Petta, presidente da entidade. Os professores também fizeram coro. “O novo sistema respeita a diversidade das escolas”, diz o presidente da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andifes), Wrana Panizzi. O novo sistema não desagradou nem mesmo ao tucano Paulo Renato Souza, antecessor de Cristovam na pasta da Educação: “O que me chamou a atenção foi a avaliação dos cursos a cada três anos. É bom, desde que as notas façam parte do histórico escolar de quem fizer o exame”, afirmou o ex-ministro.
Na nova forma de avaliar, se levará em conta o Índice de Desenvolvimento do Ensino Superior (Ides). Esse indicador medirá um conjunto de itens que envolvem o acervo, as instalações, a produção científica e a oferta de cursos de pós-graduação de cada escola. Até o envolvimento da universidade com programas comunitários será decisivo na avaliação, com base, por exemplo, na oferta de residência médica em áreas socialmente carentes. O antigo sistema de notas, de A a E, será substituído por uma classificação mais simples, feita de três formas: bem avaliados, intermediários ou não satisfatórios. As escolas reprovadas vão se comprometer a superar as deficiências até a próxima prova, três anos depois, sob pena de ter o vestibular suspenso ou perder a credencial do MEC. “O Ides será um check-up completo, que vai apontar o diagnóstico e dar a receita do que melhorar”, promete Cristovam Buarque.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve editar medida provisória, com base no projeto encaminhado pelo MEC à Casa Civil, para que a mudança seja adotada já em 2004, quando serão avaliadas as áreas de saúde, ciências biológicas e educação. O exame será feito por voluntários e por amostragem nos finais do primeiro e do último ano do curso. “No espaço de um ano, não dá tempo para cobrar da universidade o que se quer. Três anos de intervalo é o espaço de tempo necessário para construir uma escola, para que um mestre conclua o seu mestrado”, lembrou o ministro da Educação. Ainda na terça-feira, ele foi à Comissão de Educação do Senado para ouvir elogios de governistas e oposicionistas. Outro bom termômetro do sucesso da iniciativa.