10/12/2003 - 10:00
Seu amor pela vida, pelos amigos e sua dedicação às mulheres nunca foram tão lembrados como agora. São livros, discos e homenagens, em geral, rememorando o talento de Vinicius de Moraes, que em outubro passado completaria 90 anos. Além de um site recém-inaugurado, na área literária o poeta acaba de ter suas poesias reeditadas em Nova antologia poética (Companhia das Letras, 280 págs., R$ 32,50), organizada por Antonio Cícero e Eucanaã Ferraz a partir da primeira antologia montada pelo próprio Vinicius nos anos 1950. Também está sendo lançado o livro infantil O poeta aprendiz (Companhia das Letras, 48 págs., R$ 36,50), que traz um CD no qual o poema de 1958, gravado com Toquinho em 1971, é cantado por Adriana Calcanhotto, autora das ilustrações. Ambos proporcionam às novas gerações um olhar atento sobre a obra de Vinicius de Moraes, homem que, nas palavras de outro poeta maior, o mineiro Carlos Drummond de Andrade, era o único que levou uma vida de poeta.
Apaixonado compulsivo, Vinicius chegou a confidenciar a Tom Jobim que se casaria “quantas vezes fossem necessárias”. Não era exagero. Casou-se nove vezes. Sua última mulher, a produtora Gilda Mattoso, que estava a seu lado quando ele morreu no dia 7 de julho de 1980, é a responsável pelo CD duplo Vinicius 90 anos, espécie de dossiê com gravações históricas, depoimentos ilustres e interpretações raras, como o próprio compositor cantando Nature boy, sucesso de Nat King Cole.
Ao lançamento musical ainda juntam-se os álbuns inéditos Miúcha canta Vinicius & Vinicius – música e letra; Mares profundos, da baiana Virgínia Rodrigues, no qual ela interpreta os afro-sambas dele em parceria com Baden Powell; e a esperada coletânea afetiva preparada pela amiga Maria Bethânia, os dois últimos previstos para estar nas lojas depois do Carnaval. Entre os relançamentos destacam-se a caixa de cinco CDs Toquinho – amigos e canções; Vinicius & Odete Lara, trazendo parcerias com Baden Powell arranjadas por Moacyr Santos – que integra a coleção da gravadora Elenco, com pérolas dos anos 1960; De Vinicius e Baden especialmente para Ciro Monteiro; e o imperdível Vinicius/Caymmi no Zum Zum com o Quarteto em Cy e o conjunto Oscar Castro Neves, de 1965, que curiosamente foi gravado em estúdio.
Fechando o baú do poeta para 2003, até o dia 20 deve sair o primeiro volume do songbook Cancioneiro Vinicius de Moraes – Orfeu (Jobim Music, 200 págs., R$ 186), ricamente ilustrado por fotos e desenhos de Carlos Scliar e Carlos Leão, com textos da filha Suzana de Moraes, do cineasta Cacá Diegues e do jornalista Sérgio Augusto. É a edição da peça musical Orfeu da Conceição, primeira parceria entre Vinicius e Jobim, estreada em 1956, e adaptada para o cinema pelo francês Marcel Camus. Como disse o falecido humorista Sérgio Porto, Vinicius era “plural”. “Senão se chamaria Viniciu de Moral.”