Palocci: a bola da vez
Na quarta-feira 30, durante a sessão plenária em que se votava a cassação do mandato de José Dirceu, corria solto o boato de que o governo trabalhava com afinco pela absolvição do deputado. Especialista em tomar o pulso do alto e do baixo clero da Câmara, nem mesmo a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) sabia dizer se, de fato, estava ocorrendo a tal articulação do Palácio do Planalto. Mas ela soltou um alerta revelador: “Se o governo não agiu, devia ter feito. Porque estão cassando o Dirceu agora para, depois, pegar o Palocci e, mais adiante, o próprio presidente Lula.” Rose de Freitas apenas explicita o que os caciques da oposição estão discutindo cotidianamente. No PFL, esta é uma estratégia praticamente unânime. No PSDB ainda há dúvidas sobre os benefícios de se seguir tal caminho. Mas numa coisa Palocci já está trilhando os passos de Dirceu. Antes, ele avaliava – como Dirceu – que tinha a imprensa e a opinião pública sob total controle. Hoje, sua assessoria está rompida com boa parte dos jornalistas que cobrem a área.

Serra contra os tucanos
O PSDB decidiu que é a favor de os partidos repetirem nos Estados, em 2006, alianças compatíveis com a coligação
das eleições presidenciais. Mas o prefeito tucano José Serra (foto) é contra essa verticalização. Telefonou para o deputado Francisco Dornelles (PP-RJ) pedindo para ele votar a favor do projeto, em tramitação no Congresso, que derruba a regra estabelecida na Constituição.
 
 
Os supersalários
Nesta segunda-feira os funcionários do Senado amanhecem com o holerite gordo. É que a Mesa Diretora da Casa resolveu pagar, de uma só vez, seis meses do reajuste de 15% sobre seus salários. O aumento está sendo contestado pelo governo, e o Senado não quer correr o risco de a verba acabar retida no final do ano.

A ala pró-Jobim
Apesar de ter entrado de cabeça na polêmica sobre a cassação do deputado José Dirceu, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim (foto), ainda tem cabos eleitorais de peso dentro do PMDB para sair candidato a presidente da República. São eles o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ex-presidente da República José Sarney.
 
 
A fria das notas
A Polícia Federal encontrou notas do Banco do Brasil na prestação de contas da Visanet para justificar o pagamento de R$ 10 milhões à DNA de Marcos Valério. Parte das notas diz respeito a patrocínios do Circuito de Vôlei e de propagandas do Ourocard, despesas que deveriam ser do próprio banco, e não da Visanet.
 
 
Rápidas

• Estratégia do PSDB para o caso de não conseguir fechar alianças de peso nas próximas eleições: convocar todos os caciques para serem candidatos a governador. FHC, em SP, é o primeiro da lista.

• A idéia é lançar nomes de peso nos Estados, como Tasso Jereissati, Aécio Neves, etc. Com isso, seja José Serra, seja Geraldo Alckmin, qualquer candidato a presidente da República teria melhores condições de concorrer contra Lula em 2006.

• O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, é quem banca a candidatura do advogado-geral da União, Álvaro Costa, a ministro do STF. Mas o presidente do PT, Ricardo Berzoini, atropela por fora: quer um político como Tarso Genro no posto.

• Jarbas Vasconcelos, Germano Rigotto e Renan Calheiros querem adiar para o final de março as prévias do PMDB. Acham que, se deixar como está, para o início de março, ninguém tira a vitória das mãos do ex-governador do Rio Anthony Garotinho.

• Os oposicionistas do PMDB insistem que Germano Rigotto deixe o governo gaúcho em janeiro para concorrer às prévias do partido. E um líder do grupo, Eliseu Padilha, seria candidato a governador.