22/01/2003 - 10:00
O verão é o momento em que o Brasil é mais Brasil. As modas são lançadas, as pessoas viajam, vão à praia, ficam mais felizes. O
humor nacional também costuma, invariavelmente, encontrar uma maneira de batizar a estação. A cada ano, uma marca entra para
a história informal do País. Este início de 2003 não está sendo diferente. Nas ruas, uma sensação parece despertar emoções adormecidas.
Um certo orgulho de ser brasileiro, uma vontade não dissimulada
de mostrar as cores da Pátria, uma aposta no otimismo, uma quase certeza de que pode dar certo. Na verdade, nada, ou quase nada, mudou. Mas uma força subjetiva paira sobre quem estava desanimado, derrotado, humilhado: a esperança.
O Brasil está na moda. Na reportagem de capa desta edição, através do texto de Eliane Lobato, o leitor vai tomar conhecimento, por exemplo, do desabafo de Luma de Oliveira, que chegou a pensar em morar no Exterior com os filhos e o marido, Eike Batista. Hoje, animada com os novos ventos, Luma resume um sentimento de mudança: “As pessoas estão começando a gostar de ser brasileiras.” Quem poderia imaginar que uma bandeira do Brasil hasteada todos os dias na praia de Ipanema virasse atração turística. Pois virou.
A economia também está dando uma força para o clima de confiança. O dólar caiu, a Bolsa subiu, os investimentos estrangeiros estão voltando, promessas de novos negócios saindo da gaveta. No Exterior, o mercado continua sem rosto, mas está enviando sinais positivos. O prestígio internacional do País cresce na mesma proporção das boas notícias e da presença ativa do governo na cena política mundial.
Ninguém vai se iludir com uma maré a favor. Como toda onda, o novo nacionalismo também pode morrer na praia. Mas, nesses dias de verão, nada como uma musa do Carnaval para dar o tom e marcar o ritmo, traduzindo – na belíssima imagem da capa, de autoria de Renato
Velasco – o sentimento de festa cívica.