Das lonas de barracas dos operários do ouro para seus corpos. Assim surgiu o jeans em uma jogada de mestre do comerciante alemão Levi Strauss, que chegou à Califórnia, nos Estados Unidos, em meados de 1850 com o objetivo de vender barracas para os mineradores. Três anos mais tarde, Levi substituía a pesada lona pelo dênim, tecido de algodão usado por escravos nas lavouras americanas, e dava-lhe a cor azulada que veste pessoas por todo o mundo. Um século e meio depois, chegou a vez de o jeans brasileiro fazer a cabeça do mercado estrangeiro com pitadas tropicais, como cintura baixa e bolsos pequenos. “O nosso jeans é mais personalizado, com detalhes exclusivos. Tem design próprio”, conta Tufi Duek, proprietário da marca brasileira Forum, que leva seu nome ao Exterior. “Bolsos pequenos valorizam os quadris, enquanto bolsos maiores disfarçam”, explica Tufi, revelando um dos segredos do novo encantamento.

Os bolsinhos made in Brazil fazem tanto sucesso que as conceituadas revistas de moda internacionais o apelidaram de “wonderbra”, como se os nossos jeans tivessem para o bumbum o mesmo efeito que os sutiãs importados que empinam e levantam os seios. Em Los Angeles, as lojas multimarcas já dividem seus jeans em duas seções: os tradicionais e os cultuados brasileiros de cintura baixa. A marca carioca Gang, conhecida como a fabricante do jeans das popozudas, já possui pronta entrega em Miami, nos Estados Unidos. Na luxuosa Rodeo Drive, em Beverly Hills, cada peça da marca é revendida por preço médio de US$ 200. Seus modelos de cintura baixíssima, bolsos pequenos e stretch (uma mistura de índigo e laicra) têm o mérito de agradar tanto às jovens de classe média quanto à pop star Britney Speers. “Nosso jeans faz sucesso porque consegue ressaltar as curvas femininas”, afirma Alcyr Amorim, proprietário da marca. De olho nessa nova onda, a grife paulistana Zoomp contratou a top inglesa Naomi Campbell como garota-propaganda. Com isso, aposta num expressivo crescimento de vendas no Exterior.

A silhueta da mulher brasileira tem inspirado até mesmo a tradicionalíssima marca americana Levi’s. A empresa desenvolveu dois modelos – o 518 e o 520 –, que seguem à risca os moldes tupiniquins. O primeiro foi feito aqui e exportado, o segundo, também chamado de too low (bem baixo), é feito nos Estados Unidos, mas pode ser encontrado no mercado brasileiro. O engraçado é que, se as estrangeiras estão de olho em nossos bolsinhos, as brasileiras estão loucas pelos bolsões delas. A marca californiana Seven é o novo objeto de desejo das mulheres antenadas e abonadas. Seus atrativos são corte reto e justo e os bolsos grandes. Feito de stretch, o modelo afina as pernas e disfarça quadris. Vendido com exclusividade pela loja It Girl, de São Paulo, uma peça da marca não sai por menos de R$ 500.

O público mais requintado conta ainda com as marcas italianas Diesel (masculina e feminina), e Miss Sixty (feminina) que aportaram no Brasil há menos de dois anos, oferecendo variedade. “Nosso país tinha carência de um jeans mais sofisticado para ser usado em ocasiões especiais. Por isso, nossos mais de 100 modelos de calças em modernos
tecidos italianos e japoneses estão agradando tanto”, afirma Ésber
Hajli, representante da Diesel no Brasil. Os preços das peças da
Diesel variam de R$ 380 a R$ 730, enquanto as da Miss Sixty vão
de R$ 160 a R$ 600. Barato ou caríssimo, o fato é que o jeans
continua bom e insubstituível em sua praticidade. É como se sua
trama guardasse a fórmula da eterna juventude.