Guilherme Gaensly e Augusto Malta: dois mestres da fotografia brasileira no acervo Brascan – 100 anos no Brasil (Instituto Moreira Salles, São Paulo, a partir da sexta-feira 24) – Não se trata de nostalgia de uma época não vivida, mas da tristeza em constatar o quanto o progresso desordenado tirou o charme e a elegância de cidades do porte e importância de São Paulo, hoje conhecida como uma das metrópoles mais feias do mundo. Esta é a impressão causada pela mostra do suíço Guilherme Gaensly (1843-1928) e do alagoano Augusto Malta (1864-1957), cujas fotos, respectivamente, traçam um perfil do crescimento da capital paulista e do Rio de Janeiro ocorrido na esteira da Segunda Revolução Industrial desenvolvida na Europa e nos Estados Unidos, principalmente nas três derradeiras décadas do século XIX. São registros das inovações nas duas cidades ainda tomadas pelo planejamento artesanal, pela limpeza e pelo respeito à história. Passados os anos, mesmo com a devastação, o Rio ainda se mantém belo graças ao privilégio de sua geografia. Com São Paulo, porém, hoje se vê como a capital perdeu quase totalmente suas características arquitetônicas. Ainda bem que ficaram as lembranças impressas na arte do mestre suíço. (Apoenan Rodrigues) Não perca

Cinema

Doidas demais (cartaz nacional na sexta-feira 24) – Foi Frank Zappa quem batizou de banger sisters – título original deste filme – as garotas que se entregavam aos astros do rock nos já longínquos anos 60. Em homenagem a essas musas, o roteirista e diretor estreante Bob Dolman criou Suzette (Goldie Hawn) e Lavinia (Susan Sarandon), vagamente inspiradas nas lendárias Suzy Creamcheese e Cinthia Caster Plaster. Na história de Dolman, as amigas são hoje flagradas aos 50 anos. Enquanto a primeira continua roqueira, com as tatuagens infladas por aplicações de silicone, a outra enterrou o passado. Casada com um advogado de sucesso e educando rigidamente duas filhas-problema, Lavinia, agora uma madame, desmorona ao reencontrar Suzette ainda atada aos antigos gostos. É um tema fascinante, levado por um elenco de primeira, mas totalmente desperdiçado numa comédia insossa. (Luiz Chagas) Vá se tiver tempo
 

Intimidade indecente (Teatro Hilton, São Paulo) – Assistir a esta peça de Leilah Assumpção – que reestréia na capital paulista depois de uma temporada de sucesso em Portugal – não é somente se deliciar com um texto inteligente, sarcástico, bem costurado e acessível a todas as platéias. É também a oportunidade de ver dois ótimos atores em cena. Irene Ravache (Roberta) e Marcos Caruso (Mariano) formam um casal, ambos de 50 anos, que decide se separar depois de arrastarem pesadamente o tédio que qualquer vida em comum pode enfrentar se os sintomas não forem antes identificados. Acontece que, mesmo depois de separados, os dois continuam se vendo, se alfinetando e se cobrando. Assim passam as décadas. Chega a velhice inexorável e os pontos de humor que fazem o público rir gostosamente são, aqui e ali, substituídos pela dor de palavras nunca ditas, pelos sentimentos nunca expostos. Nestes momentos, sem nenhum recurso de maquiagem, utilizando apenas sutis mudanças faciais e corporais, os dois atores levam o público às lágrimas, sem nenhuma pieguice. (Apoenan Rodrigues) Não perca