07/12/2005 - 10:00
É bem possível que quando este texto chegar a suas mãos o Corinthians e seus 25 milhões de torcedores estejam mergulhados naquele estado de eufórica transcendência reservado apenas aos campeões. Caso isso não tenha acontecido, o futebol deve ser mesmo um contêiner de surpresas. Mas nada de maus pensamentos. Afinal, a festa do tetra deve ser esticada, pelo menos até segunda-feira 12, na Fnac Pinheiros, em São Paulo. É quando será relançado Corinthians – é preto no branco (Editora Ediouro, 260 págs., R$ 39), passional parceria futebolística entre o publicitário Washington Olivetto e o jornalista Nirlando Beirão. A nova edição vem aditivada por dois novos oportunos capítulos e foi inteiramente revista. Para quem não se lembra, a primeira parte da coleção Camisa 13 saiu em outubro de 2002 e contava a recente história do Corinthians ampliada com detalhes imaginativos, como se o espírito do valoroso e inventivo, para não dizer mentiroso, Barão de Munchausen tivesse incorporado nos autores.
Ninguém discute que o Corinthians é um time dado a façanhas elevadas, mas no divertido livro da dupla – que Olivetto chegou a rascunhar durante seu seqüestro – tudo ganha dimensões fantásticas. Mas como eles fazem questão da imparcialidade, também contam o que chamam de “a verdade dos outros”. No original, um dos heróis – entre tantos – era o meia Ricardinho, que, sabe-se lá por que, debandou do Timão.
Foi substituído no texto com louvores pelo craque Roger. E na orelha do livro, figura um texto, de elegante rebuscamento, que trata de uma profecia do escritor argentino Jorge Luis Borges sobre o futuro brilhante de Carlitos Tevez no Corinthians. Segundo Nirlando, os hermanos também receberão o livro “simultaneamente” em português.
Intuitivo – Mais realista – mas ainda em preto-e-branco – é o projeto Brasileiro Futebol Clube, livro de fotos de Ed Viggiani ainda a ser lançado. Apesar de ser corintiano, Viggiani não foi reducionista em seu belo trabalho que registra a presença do futebol no cotidiano do País. “Fiz um roteiro aleatório e intuitivo”, diz o autor, que num domingo estava num Bahia e Vitória, em Salvador, e no outro num Fla-Flu no Rio de Janeiro. O autor fez as fotos em película e adotou um equipamento leve, para, discreto, se infiltrar nas torcidas. Além dos grandes clássicos, freqüentou jogos de várzea e até um simpático Juventus e Taubaté, no bairro da Mooca em São Paulo, num estádio onde, segundo ele, ainda vendem língua-de-sogra. Pelo futebol, diz Viggiani, o Brasil se reconhece. Tanto que, em suas milhares de fotos, prevalecem os personagens anônimos, muitas vezes engrandecidos em meio à multidão ou ao sabor do pique da bola.