Juventude sem amanhã

Que o rito de passagem de nossos adolescentes não se transforme em tragédia como o de Liana Friedenbach e Felipe Caffé. Esta reportagem é leitura obrigatória para pais e filhos. Um triste alerta para os nossos jovens que não podem se fazer de surdos à mensagem de um pai que os lembra “que o mundo não é só alegria” e que é necessário rever suas atitudes, avaliando os riscos, não desafiando o perigo ou se arriscando desnecessariamente. “Juventude trucidada” (ISTOÉ 1781).
Maria Auxiliadora Pereira
Belo Horizonte – MG

Desfecho como o de Felipe e Liana traz um choque maior para
quem é pai e mãe. Por mais revoltante que seja, devemos admitir
que a redução da maioridade penal em nada irá contribuir para
solucionar a violência. A começar pelo sistema penitenciário, que
hoje notoriamente é uma verdadeira instituição de pós-graduação
do crime, passando longe do papel que realmente deveria exercer.
Por outro lado, o sistema judiciário e as leis são protecionistas, mas
não com o cidadão de bem, que sai para trabalhar, paga os impostos,
ou melhor, os salários e as regalias deste bando de sanguessugas
que só faz política em benefício próprio.
Michel Queiroz
Teresina – PI

Somente a maioria do povo quer a redução da idade penal porque é ele que sente na pele a agressão e a maldade dessas “crianças” que nossos legisladores tanto brigam para defender. Quisera que eles brigassem para defender as vítimas, que são a esmagadora maioria, em vez de ficar defendendo leis antiquadas que não condizem com a nossa realidade. A idéia de criança é sinônimo de inocência. No século das damas e cavalheiros os jovens eram realmente crianças inocentes, a virgindade era valorizada e moviam-se montanhas com a “palavra de honra.” Na nossa realidade, crianças de 16 anos estupram, roubam e matam selvagemente. Portanto, cadê a inocência? Cadê a criança?
Rosa Maria Close
Columbia Maryland – EUA

O Estatuto da Criança e do Adolescente constitui um avanço na proteção dos direitos dos mesmos. O Brasil tem um conjunto de leis
muito refinadas e teoricamente eficientes. Estas leis, incluindo o estatuto em questão, só têm um defeito: não se adequam à realidade brasileira. Mas, independentemente das leis, motivos e circunstâncias, o que faz alguém cometer algum crime é um só: a impunidade.
André Weber Gomes
Salvador – BA

Qual pena deve ter um criminoso cujo crime choca toda a Nação
devido a sua brutalidade? Tenho certeza que nos presídios do Brasil
afora existem vários adultos criminosos que seriam incapazes de cometer as atrocidades que muitos menores cometem. Portanto, só se fará justiça quando a pena for proporcional ao crime e suas circunstâncias. Não é uma questão de menoridade e sim de impunidade.
Cláudio Adriano Bomfati
Curitiba – PR

Antes de pensar em diminuir a maioridade penal é preciso construir penitenciárias, além de um sistema penal que busque a recuperação do infrator e não a sua alienação social. Milhares de mandatos de prisão não são cumpridos hoje no País exatamente por falta de carceragem, e as que existem não são diferentes das masmorras infectas a que estavam sujeitos os criminosos há três séculos.
Jeferson Malaguti Soares
Belo Horizonte – MG

Com 16 anos, já sabemos bem o que estamos fazendo ao matar um passarinho, quanto mais uma pessoa. Independentemente dos
problemas sociais, existe um traço de caráter que se chama maldade, intrínseco em alguns homens. E o número de homens maus parece aumentar. É preciso que eles temam os homens de bem.
Gilmar Placeres Simão
São Paulo – SP

Quantas crianças estão sem creches, vivendo nas ruas, ou então
sendo criadas como bestas humanas por este Brasil afora? Tirar o
sonho, a fantasia de uma criança ou não dar assistência àquelas que
têm dificuldades mentais ou físicas é simplesmente roubar-lhes a infância. Mais tarde elas poderão nos tirar a liberdade, quando não a vida.
Delvir Berta Pitz
Curitiba – PR

A dor de quem perde um filho certamente é muito maior do que essa discussão. É preciso mudar o estatuto do adolescente para que não tenhamos tantas tragédias. E mais: adolescente de verdade não mata. Quem mata são monstros que se escondem atrás da idade.
Achel Tinoco
Salvador – BA

Não é preciso baixar a maioridade penal. Basta julgar o criminoso de acordo com sua idade psíquica. Mozart compunha com quatro anos. Tinha o dom da música. Outros têm o dom da maldade. Não esperam fazer 18 anos para agir. Saindo da Febem, cometerão mais crimes, tirando a vida de mais inocentes. Quem comete certos tipos de crimes tem a psique bem desenvolvida e está mais que pronto para ser julgado.
Hermínio Silva Júnior
São Paulo – SP

Esperem ter seus filhos trucidados para, então, pensarem em mudança. Quando serão votados projetos de leis que favoreçam ao cidadão que paga seus impostos em dia?
Valeria Freire
Mogi das Cruzes – SP

Como é possível um menor cometer crime tão hediondo e não ter “idade” para pagar o que fez? É um absurdo: uma pessoa estupra, oferece e consente que mais amigos também o façam, mata, arruina as respectivas famílias das vítimas e ainda assim é protegida pela lei. Já é passada a hora de mudarmos nossa legislação e reduzirmos a idade penal.
Edleydson de Sousa Medrado
Goiânia – GO

Quantas capas de revistas, estampando tragédias, ainda serão necessárias para que os órgãos federais abram o debate e criem
as leis para rever a maioridade penal?
Claudia R. M. João
São Paulo – SP

O bandido Champinha, 16 anos, idealizou o crime, estuprou e executou Liana, além de comandar a quadrilha. Por ser menor de idade, foi o único criminoso que não esteve presente na apresentação à imprensa. A legislação brasileira deve urgentemente mudar com relação a esse procedimento. Esses bandidos “menores” devem ser conhecidos por toda a sociedade, para que esta possa se proteger deles.
Milton Córdova Junior
Brasília – DF

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, diz que é radicalmente contra a mudança da maioridade penal porque essas pessoas estão
“em ampla formação”. Por que na hora de votar eles têm consciência e responsabilidade, mas na hora em que são presos por assaltos, sequestros, estupros e assassinatos acabam essa responsabilidade e consciência do que fizeram?
Jankiel Brez
São Paulo – SP

Nos assusta saber que, dentro de três anos ou menos, esse monstro estará convivendo no meio de todos nós, como se nada houvesse
feito. Caráter não se altera. O rapaz que matou os jovens sabia o que estava fazendo, e até confessou que já matara antes. Que se espera mais? Que ele volte a matar outras pessoas para que se tenha a certeza de que ele não tem jeito?
Kátia Maria Miranda de Oliveira
Salvador – BA

Sou advogado, ex-conselheiro tutelar dos direitos da criança e do adolescente e ex-conselheiro municipal do Conselho da Criança e do Adolescente de Florianópolis – CMDCA. Primeiramente, gostaria de parabenizar esta revista, que por diversas vezes proporcionou importantes espaços para debates tão importantes e fundamentais
para a nossa sociedade. Penso que na sociedade brasileira atual é impossível reduzir a idade penal sem deixar de cometer as inúmeras barbaridades já existentes. Eis presente a dita operação Anaconda, que mostra as ramificações e tentáculos da corrupção existente. Aprovar a redução da idade penal é empurrar os problemas sociais para “debaixo do tapete” de nosso solo, é retroceder ao antigo código de menores, sem efetivamente atacar a ferida e desejar curá-la. Reduzir a idade penal sem modificar a vergonhosa atualidade brasileira de discriminação social e corrupção latente é atuar como Pilatos lavando as próprias mãos.
Gilberto Rateke Junior
Florianópolis – SC

Ha-Joon Chang

Meus parabéns a ISTOÉ e ao professor Ha-Joon Chang pela
maravilhosa e profunda entrevista, o que bem demonstra o interesse
da revista em esclarecer a tentativa dos países “desenvolvidos” em continuar explorando os “em desenvolvimento” através da Alca e
da OMC, como é o caso do Brasil. Mais uma vez ISTOÉ prestou, juntamente com as denúncias de corrupção, um relevante serviço ao País. “É hora de chutar a escada” (ISTOÉ 1781).
Deusdedit Mello Filho
Recife – PE