As artes da política no racha do PFL
O senador Jorge Bornhausen (SC) licenciou-se da presidência do PFL, mas deixou armada uma arapuca para seu inimigo Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). Primeira pedra no caminho de ACM: no lugar de Bornhausen, assumiu o comando formal do partido o senador José Jorge (PE). O pernambucano chegou a ser anunciado como o escolhido do PFL para vice-presidente do Senado, mas acabou perdendo a vaga para o colega de partido Romeu Tuma (SP). Tudo por conta de uma articulação de ACM que deixou José Jorge com a cara no chão. Outra pedra no caminho: o deputado Gilberto Kassab (SP), presidente da Comissão que vai analisar o pedido de expulsão do partido contra ACM. Kassab e mais dois deputados pefelistas, Rodrigo Maia e o líder José Carlos Aleluia – que foi o pivô da briga entre ACM e Bornhausen –, formam o chamado núcleo duro do PFL na Câmara. Definem a estratégia semanal do grupo num jantar, todas as segundas-feiras, que é comandado por quem? Por Jorge Bornhausen!

Mistério

Cinco balas calibre 38 no peito mataram, na noite de quinta-feira 6,
o contador Leocádio Roxo, 33 anos. Ele estava só, em seu carro, estacionado ao lado de uma feira em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília. Nada foi roubado. A polícia nada sabe: não tem testemunhas, ninguém viu, ninguém sabe quem matou. Ignora também que Roxo integrava uma comissão de inquérito que investigava licitações e compras fraudulentas no Ministério do Planejamento, onde ele trabalhava há nove anos como técnico administrativo.

Ao largo

O Queen Mary 2 – o maior e mais caro navio de cruzeiro do mundo – faz sua viagem inaugural, em fevereiro de 2004, com escala no Carnaval do Rio de Janeiro. Com 150 mil toneladas e 2.800 passageiros, ele tem 17 andares de aço acima do nível do mar. Mas este colosso de US$ 800 milhões não vai conseguir ancorar na Cidade Maravilhosa. A dragagem do porto do Rio, orçada em míseros R$ 5 milhões, não resistiu a Joaquim “Mãos de Tesoura” Levy, o dono do cofre na Fazenda.

Nova dor de cabeça

O inferno astral do ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, ainda
não acabou. Agora o problema são os 2.500 médicos peritos da Previdência, que ameaçam cruzar os braços se não tiverem um
plano de cargos e salários. Os peritos são responsáveis pelo
andamento dos processos de todas as aposentadorias por invalidez
do País. Se pararem, a fila nos postos do INSS será ainda mais
chocante que a dos velhinhos de 90 anos.

Novo golpe na praça

Leia o telegrama

José Sinfrônio Mariz foi preso na quinta-feira, no sertão paraibano, quando tentava estorquir R$ 1,7 mil da prefeitura de Paulista em troca da liberação de R$ 76,5 mil do programa Agenda 21, tocado pelo Ministério do Meio Ambiente. Para chegar ao prefeito, Mariz mandou um telegrama, passando-se pelo senador Ney Suassuna. Recomendava um certo Walter, que deveria ser procurado no celular 9608-0065, de Brasília. O prefeito Sabiniano Fernandes procurou o senador, que armou o flagrante.

Rápidas

• Você sabia? Um decreto secreto do marechal Castelo Branco, de 1966, que só deixou de ser secreto 20 anos depois, proíbe até hoje concordata de empresas de aviação.

• Coisas só do Brasil: enquanto se tenta reforçar a balança comercial, airbags, cimento e coturnos só podem ser exportados com autorização do Exército ou da Polícia Federal.

• O Ministério Público do Ceará está investigando a licitação da Câmara de Vereadores de Fortaleza para contratação de agência de publicidade. Fortes indícios de dirigismo.

• Mesmo tendo cinco ministros gaúchos, o PT do Rio Grande do Sul se revoltou contra a volta ao cargo do superintendente local da Polícia Rodoviária Federal, indicado pelo PSB.