05/12/2001 - 10:00
Três prêmios internacionais nos últimos meses. Este é o retrospecto da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), ONG dirigida por jornalistas e pioneira na divulgação e estímulo à produção de reportagens sobre crianças. O primeiro foi dado em setembro pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que escolheu a jornalista Âmbar de Barros, fundadora da Andi em 1992, como uma das personalidades da última década do século XX na defesa dos direitos da criança. Em outubro, a Organização das Nações Unidas para a Ciência e Cultura (Unesco) apontou a Andi como destaque mundial no jornalismo. Na terça-feira 20, o diretor executivo da Andi, Geraldinho Vieira, recebeu em Quito o prêmio especial do júri do Prêmio Ibero-Americano de Comunicação, dado pela agência espanhola de notícias EFE e pelo Unicef.
“Isso só aumenta nossa responsabilidade. Nem Âmbar nem eu, quando começamos o trabalho da Andi, imaginávamos que o sonho, a vontade de cooperar com os colegas, se transformasse em uma agência que tem hoje 34 jornalistas trabalhando em sua sede em Brasília”, afirma Geraldinho. Ele acha que o segredo da Andi é exatamente o fato de ser dirigida por jornalistas, o que lhe garante credibilidade nos meios de comunicação. “Não somos militantes sociais querendo ensinar jornalistas a trabalhar, como acontece em ONGs nos Estados Unidos e na Europa”, explica. A meta inicial da Andi era fazer uma ponte entre os jornalistas e os temas envolvendo a criança e o adolescente. Mas, com o crescente engajamento, a Andi passou a investir na interação entre mídia, governo, organismos internacionais, ONGs, empresas e órgãos públicos e privados interessados na temática da criança e do adolescente.
A Andi tem hoje a terceira maior redação de mídia impressa da capital federal. Essa estrutura produz, entre outros, um clipping diário de 50 jornais de todo o País e nove revistas, que é encaminhado a três mil destinatários, incluindo jornalistas, governo, educadores, atores sociais e empresas. A média diária de notícias no ano passado ficou em 180, representando um total de 64.396 matérias. “Em 1996, o total de matérias incluídas no clipping ficou em 10.700. Esse crescimento mostra que nosso objetivo inicial foi atingido”, festeja Veet Vitarta, diretor e editor da entidade.
O orçamento da Andi para 2001 foi de R$ 2,5 milhões, financiados por mais de 20 patrocinadores, que vão desde a Unesco, o Unicef, governo, empresas e ONGs, como o Instituto Ayrton Senna, até a Fundação Abrinq e o Instituto Ethos. Mas um dos mais criativos modos encontrados pela Andi para motivar a imprensa é o título de Jornalista Amigo da Criança. Hoje, eles já são 204, e, segundo Vitarta, está havendo uma mudança no perfil. “No começo, eram apenas os repórteres do setor educacional, que muitas vezes tinham que brigar com os chefes para publicar suas matérias. Hoje temos William Bonner, Bóris Casoy, o diretor da Rede Globo Luís Erlanger e o diretor de redação de ISTOÉ, Hélio Campos Mello. Esta é a prova de que conseguimos, de modo positivo, fazer a cabeça da mídia”, comemora.