05/12/2001 - 10:00
Dia 21 de dezembro começa o verão – oficialmente. Mas nas ruas, nos bares, nas praias, o clima da estação mais esperada do ano já está no ar. Embora a moda se transforme a cada momento, nesta época ninguém quer ficar por fora do que está rolando. Junto com o calor, chegam as festas de fim de ano, as férias. É imprescindível saber qual o som que vai embalar as noites, as roupas que vão estar nas vitrines, o livro que será assunto, a bebida que se irá tomar. Verão neste país dita moda e ponto final. Este ano ele promete ser alegre. Talvez para tirar um pouco a poeira da guerra, da crise e do apagão, as cores serão vibrantes: turquesa, rosa, laranja, vermelho. Nas roupas, as flores vão imperar. Até a velha e boa sandália Havaiana terá a sola estampada. Para quem prefere um visual clean, tudo bem. Desde que os acessórios sejam coloridos. Um vestido preto deve ser acompanhado de um colar laranja ou de pulseiras multicores. Nos pés, tamancos para as mulheres e sandálias trançadas para os homens. Na praia e na piscina, entretanto, as meninas estarão mais comportadas. No verão 2002, os biquínis serão maiores – marcando o fim da ditadura do fio dental. Saída de praia? Roupinhas de lese ou camisões.
Os cabelos também vão mudar. Esqueça aquele visual lambido. As madeixas agora são repicadas e com franja. Basta ver as várias famosas que já aderiram ao novo estilo, como Suzana Werner, Daniela Mercury, Ivete Sangalo e Fernanda Torres. O cabeleireiro Carlos Arthur, dono do salão Essentials, em Ipanema, no Rio de Janeiro dá as dicas. “Em cabelos lisos ou levemente ondulados, o desfiado deve ser feito com navalha. Mas cabelos crespos têm de ser picotados de outra forma, com tesoura”, ensina. Também estão voltando os encaracolados, sempre picotados, emoldurando o rosto. A franja pode ser curta, longa, reta, mas faz parte, sem dúvida, do novo visual da moda. As mechas coloridas também estão com força total no verão.
De outro lado, pele muito bronzeada está decididamente fora de moda. Mas pode se dar um tom solar a ela com as novas maquiagens em terracota. Bases e pós cobrem o rosto tirando o ar pálido. Nos lábios e nos olhos, valem sombras e gloss brilhantes ou batons com as cores da estação – rosa e vermelho. Fora isso, dá-lhe protetor. Para peles mais claras, especialistas indicam aqueles que têm dióxido de titânio na fórmula. “Este componente cria uma barreira na pele e protege mais do sol”, explica a dermatologista Mônica Arib Fiszbaun, de São Paulo. No entanto, uma novidade parece que vai fazer sucesso nas praias. Está chegando ao Brasil o protetor solar alemão com dosador ajustável chamado Variosun, que possibilita mudar o fator de proteção solar de acordo com os horários e o sol. É carregado com dois tubos de protetores, um com fator 2 e outro com fator 30. Gisela Milman, dona da loja Época Cosméticos, no Rio, diz que está vendendo muito. “Serve para toda a família. Para a criança usar, é só ajustá-lo para 28, por exemplo”, diz ela. Alguns dermatologistas, entretanto, não acreditam muito na eficácia do produto. “É melhor ter o controle do que se está usando”, atesta Mônica.
A musa: Daniella Cicarelli |
A mineira Daniella Cicarelli foi escolhida a musa do verão 2002 por mais de dois mil internautas que acessaram a ISTOÉ ON LINE. Linda, alto-astral, a escolha não poderia ser melhor. Ela adora praia, sol e esporte. “Faço musculação, boxe, triatlo (corrida, natação e ciclismo). Também como de tudo, mas evito carboidratos à noite”, diz a musa. É assim que ela mantém o corpo perfeito, de 1,79 m e 62 quilos. Daniella chegou a São Paulo há um ano e ficou conhecida do público ao estrelar uma propaganda da Pepsi. Ela é a gata que rouba a gota do refrigerante na boca do rapaz da praia. Em seguida, atuou na novela global As filhas da mãe, na qual fazia a namorada de Reynaldo Gianecchini. Na vida real, Daniella já namorou o herdeiro do Pão de Açúcar, João Paulo Diniz. Mas avisa aos interessados: está sozinha. |
E por falar em sol, em praia, qual será o point mais badalado da estação? Uma boa aposta é Itacaré, situada na belíssima Costa do Cacau, sul da Bahia. Trata-se de um pedacinho privilegiado deste imenso litoral. São 22 quilômetros de praias e prainhas de areia fina, seu maior charme, ornadas por coqueiros e um céu azul que só a Bahia tem. E não é só. A região parece ter sido projetada para quem tem adrenalina em vez de sangue correndo nas veias. As ondas da praia da Tiririca fazem a cabeça dos surfistas. Há também uma infinidade de rios, cachoeiras e trilhas, um eldorado para os praticantes de rafting, rappel, trekking e mountain bike. Os encantos do lugar seduziram muita gente. O empresário Roberto Marinho, o todo-poderoso da Rede Globo, construiu uma casa lá. Logo após a conquista de Roland Garros deste ano, o tenista Gustavo Kuerten escondeu-se do mundo em Itacaré. Guga surfou, deu autógrafos, tirou centenas de fotos com moradores e se esbaldou com as delícias do lugar. Fartou-se com as moquecas de lagosta e os peixes na chapa com banana-da-terra de O Restaurante, uma das melhores casas de Itacaré.
Guga não precisa. Sorte dele. Contudo para quem está com umas gordurinhas a mais e corre contra o tempo para ficar em cima, a grande novidade é o Pow. O aparelho, sensação nos Estados Unidos, mistura boxe com ginástica. Os frequentadores da badalada academia carioca Estação do Corpo foram os primeiros a experimentá-lo. Vinicio Antony, professor de educação física, explica: “Ele simula um saco de pancada, com a vantagem de não ser fixo no teto e dar ao praticante maior mobilidade. O corpo é mais bem trabalhado, mas, de modo geral, a atividade amplia a potência do movimento.” Márcia Martinelli, aluna de Pow e professora de aeroboxe no Estação do Corpo, está animada com a atividade. “Eu adorei porque queima calorias e você não precisa ficar pensando. Numa bicicleta ergométrica, não se tem o que fazer e você acaba não distraindo a cabeça. Em atividades como o Pow, concentra-se naquilo, descarrega energia, é alegre”, diz.
Música: Japa girl. Os ritmos: samba-rock e drum n’ bass | ||||
Depois do sucesso na Casa dos artistas, Supla virou cult. Japa Girl, carro-chefe de seu novo CD, O Charada brasileiro, espécie de ode a uma antiga namorada nissei, já é tocada nas principais rádios. Para dançar, voltou o samba-rock que ressurgiu na carona da onda black que assola São Paulo e Rio. O fato de dançar agarradinho é um trunfo e tanto para se tornar o som do verão. “Tem letras bonitas, que buscam o ritmo. O som é bem cadenciado, diferente”, diz Jorge Ben Jor, que nos anos 70 tratou o suingue e o balanço com dignidade em discos como Solta o pavão e A banda do Zé Pretinho. O drum n’ bass agita as baladas mais fervidas do eixo Rio–São Paulo. Chegou até a barraca do Pepê, na Barra. O DJ paulistano Marky, uma das estrelas da cena, acaba de lançar Audio arquiteture: 2. O CD traz um inédito diálogo entre o samba-rock e Dn’ B. Marky, ao lado do amigo Xerxes, fez uma releitura de Carolina Carol Bela, gravada por Ben Jor, na época só Ben, e Toquinho no fim dos anos 70. |
Para os que preferem levantamento de copo, a sensação será uma bebidinha leve, que só deverá causar prejuízos etílicos se consumida em doses oceânicas. Lançadas no final do verão passado, são as ices, espécie de coquetel pronto em garrafas long-neck à base de alguma bebida originalmente mais forte. A vedete é a pioneira Smirnoff Ice, mistura de vodca, com teor alcoólico igual ao da cerveja, e suco de limão. Uma espécie de caipirinha light. O empresário Rick Amaral, filho do “rei da noite” Ricardo Amaral, não tem dúvidas: esta é a bebida do verão. Dono do restaurante e casa noturna Méli Melo, na Lagoa, zona sul do Rio, ele diz que a bebida é febre entre a moçada. Suave, a ice só faz uma exigência: tem de ser servida bem gelada. A ex-paquita e atual modelo e atriz Graziella Schmitt, 20 anos, é uma das adeptas. “Acho uma delícia. É suave e tem um gostinho de limão. Odeio bebidas que têm álcool muito acentuado, como uísque. Essa tem tudo a ver com verão porque é leve, refrescante”, conta ela. O único problema é o preço. Essas garrafinhas custam, em média, R$ 6. Cinco delas, uma quantidade bastante razoável em uma balada noturna, e lá se vão R$ 30. Outra novidade na área dos drinques é a mistura com erva–cidreira ou capim-santo. Talvez pelo nome, afinal eles precisam, a erva virou moda nos chiques restaurantes nova-iorquinos. Lá, é usada mais como tempero. Aqui, chega como ingrediente de alguns drinques. Um deles é o santo drinque, uma mistura de vodca, suco de limão e erva-cidreira.
Uma pergunta deve estar na cabeça dos baladeiros de plantão: qual será o som do próximo verão? Bem, sai o funk dos tigrões e popozudas e entra o charada brasileiro. É isso aí. O hit de Supla, Japa girl, já pegou. Depois do sucesso na Casa dos artistas, a música deixou de ser conhecida somente pelos espectadores de Os piores clipes do mundo, apresentado por Marcos Mion, na MTV. Mas não desanimem. Foi relançado em São Paulo o samba-rock, que reúne algumas características básicas para se transformar na trilha sonora desses dias de sol e calor. O suingue e o balanço contagiam. E o melhor de tudo: dá para dançar juntinho. “Se a coisa chegar na praia pode pegar”, afirma Jorge Ben Jor, um dos magos dessa alquimia. A volta do Trio Mocotó e as animadas noites de samba-rock promovidas pelo Clube do Balanço são o indício que a coisa pode mesmo pegar. Na noite o som é o drum n’ bass. Baixo e bateria, as colunas de sustentação do ritmo, são escoltados por uma parafernália eletrônica comandada por sua majestade, o DJ. Nessa corte, reinam Marky, Xerxes e Patife, o trio hypado do Dn’B nacional. As pick-ups já invadiram a praia. Os dissonantes acordes do drum n’ bass são ouvidos na Barraca do Pepê, um dos points da dourada moçada carioca. Longe da areia, é o som que tem agitado algumas das festas mais fervidas do eixo Rio–São Paulo.
Música é também o tema do livro que tem tudo para se transformar no best-seller da estação. A onda que se ergueu no mar (Companhia das Letras, R$ 39), de Ruy Castro, acaba de ser lançado e veio complementar o Chega de saudade, de 1990. Curiosamente, A onda começa quando a bossa nova acaba, em 1970, e vai até o ressurgimento do ritmo, no início dos anos 90. A capa, sugestiva para esses dias de sol, é um jovem Tom Jobim pescando. Ao som de O barquinho, dá vontade de fazer o mesmo.
Produção: Lívia Mund; Modelo: Daniella Cicarelli (Ag. Next); Cabelo e Maquiagem: J. R. O. Santos; Agradecimentos: Blue Girls e Poko Pano
Praia: Itacaré | ||||
A pequena cidade tem 18 mil habitantes. A expectativa é que no verão sua população dobre. Se alguém estiver a fim de passar o Ano Novo lá, desista. Não há mais lugar. Restam poucas vagas também para o Carnaval. Paulistas e cariocas são a maioria. Há uma explicação para a invasão. “Aqui você tem os únicos 30 quilômetros de praia no Nordeste que lembram o Litoral Norte de São Paulo e a região de Búzios, no Rio. Mas com uma vantagem. Em Itacaré chove pouco”, diz Nelson Moraes, proprietário do charmoso Txai Resort. Essa é a grande novidade de Itacaré. Antes, a cidade era destino de hippies e jovens pouco preocupados com luxo e conforto. Agora, há acomodações elegantes e agradáveis, caso do próprio Txai e do Itacaré Eco Resort. Por incrível que pareça, a maioria dos baianos ainda desconhece esse pequeno pedaço do paraíso encravado na Boa Terra. A inauguração da BA-001, que liga a cidade a Ilhéus, está fazendo com que muitos soteropolitanos troquem Itapuã e o Farol da Barra pelas cristalinas águas desse lugar de sonho. |
Sorvete: de phisallis | ||
Verão sem sorvete é o mesmo que festa sem som. Entre as novidades estão os gelados temáticos, como os de panetone e champanhe. Os sabores exóticos marcarão a estação. O sorvete de phisallis (foto) promete fazer sucesso. A fruta, de origem colombiana, lembra a acerola no gosto e na aparência. É azedinha e refrescante. Dizem que também é afrodisíaca. Hum… |
Óculos: clássicos | ||
Para os esportistas, armações curvas, tipo surfista, ainda estão na moda. Lentes coloridas também continuam, mas para serem usadas à noite ou numa rave. “Neste verão, entretanto, os óculos clássicos estarão dominando”, diz Wilson Rondesso, da Mellotica de São Paulo. |
Especial Férias no Brasil | ||
Chega às bancas esta semana um produto feito especialmente para o leitor aproveitar cada dica dada nesta matéria. O especial ISTOÉ Férias no Brasil é o mais completo guia para quem vai tirar o merecido descanso em algum ponto do território nacional. Com ele, o leitor terá todas as informações sobre o destino escolhido. Dicas de como chegar, onde ficar, o que comer, telefones úteis e, o mais importante, quanto vai gastar. O especial terá quatro edições: Sul, Sudeste, Nordeste e Norte/Centro-Oeste. Os destinos estão divididos em quatro categorias: Litoral; Natureza, Esporte & Aventura; Histórico; e Romântico. “A idéia da revista nasceu do crescimento do turismo interno. Queremos dar ao leitor todas as informações possíveis para que possa aproveitar bem suas férias”, diz Carlos Alzugaray, diretor executivo do Grupo de Comunicação Três. O especial apostou em destinos conhecidos, mas ainda pouco frequentados pelo turista brasileiro. “Selecionamos lugares que, apesar de ainda não serem muito visitados, tenham condições de receber qualquer tipo de turista”, afirma Alzugaray. Férias no Brasil foi produzido pela Empresa das Artes, a editora de guias mais conceituada do País. A primeira edição, região Sul, estará nas bancas a partir deste final de semana. Custará R$ 1. Cada edição terá 200 mil exemplares. Metade deles virá encartada com ISTOÉ. A outra terá venda avulsa. |