Pequenas traições
Na sua última conversa reservada com o governador do Ceará, Tasso Jereissati, o presidente Fernando Henrique fez um pedido: que fosse realizada em fevereiro, no máximo, a pré-convenção do PSDB que escolherá o candidato do partido a presidente. Tasso notou o golpe. Atrás de José Serra na preferência do eleitorado, sabe que é pior para ele o PSDB antecipar uma decisão. Menos tempo terá o governador para se aproximar do ministro nas pesquisas de intenção de voto. E, enquanto estiver atrás, dificilmente Tasso vencerá Serra dentro do partido. O gesto de FHC foi entendido por ele, então, como mais uma demonstração de apoio de FHC a Serra. O governador logo acionou seu aliado, o presidente do partido, José Aníbal. Mandou um recado pelo senador Lúcio Alcântara cobrando que a tal pré-convenção só ocorra em março. Aníbal topou. O que já está sendo considerado por FHC como uma traição. Se a pré-convenção ficar para março, mesmo que Serra seja ungido candidato, ele terá pouco tempo para superar a pefelista Roseana Sarney nos levantamentos de intenção de voto. E aí o jeito é entregar a rapadura ao PFL.

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O líder pé-frio

O deputado Heráclito Fortes (PFL-PI) está confirmando sua fama de maior pé-frio do Congresso. Aproximou-se de Tancredo Neves, e ele morreu. Foi para o lado de Ulysses, idem. Partiu para Luís Eduardo Magalhães, idem, idem. Tornou-se amigo de ACM e o senador perdeu o mandato. Agora, como líder do governo no Congresso, cabe a ele cuidar dos interesses do Palácio do Planalto na votação do Orçamento. Pois bem, mal assumiu o cargo e explodiu uma brigalhada na votação da matéria que ameaça paralisar o Congresso.

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Golpe contra Itamar

O PMDB define, na terça-feira 11, as regras das prévias do partido em março. Responsável pela normatização, o deputado governista João Henrique (PI) vai propor que o candidato só seja homologado se tiver a maioria absoluta dos 16 mil habilitados a votar. Ou seja, mais de oito mil votos. Uma novidade que não existiu nas prévias do partido em 1994, quando bastavam a maioria dos presentes. A idéia é a seguinte: se Itamar estiver forte, os governistas derrubam o quórum das prévias.

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Intervenção no ES
Na quarta-feira 5, a 1ª Câmara da Procuradoria da República, que analisa questões constitucionais, aprovou por unanimidade relatório do procurador José Carlos Pimenta recomendando intervenção federal no Espírito Santo. Motivo: a onda de violência patrocinada por organizações como a Scuderie le Cocq com o apoio ou a omissão das autoridades locais, conforme denunciou ISTOÉ. Como o relatório foi aprovado por unanimidade, provavelmente o procurador-geral, Geraldo Brindeiro, deverá encaminhar o pedido formal de intervenção ao STF.

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Guerra no Senado
A grande notícia do jantar de confraternização de final de ano oferecido pelo presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), não foi o tubinho usado pela senadora Heloísa Helena (PT-AL). Foi a ausência dos peemedebistas Renan Calheiros, Sérgio Machado, Ney Suassuna e Carlos Bezerra. Eles protestavam contra Ramez Tebet, por ter recusado as indicações do partido no preenchimento de cargos burocráticos do Senado.

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Rápidas

Fernando Henrique disse a peemedebistas que, para ele, a candidatura da pefelista Roseana Sarney não decola. “Ainda mais que ela tem o apoio de Antônio Carlos Magalhães.”

Porta-vozes do governador Tasso Jereissati no Congresso, os senadores Luiz Pontes e Lúcio Alcântara informam: no Ceará, Martus Tavares é visto como homem do ministro José Serra.

Jorge Bornhausen almoçou com José Serra na semana passada. Ficou combinado o seguinte: vão rachar o PMDB. Uma parte para Roseana, outra para Serra e o resto que se dane.