19/11/2003 - 10:00
Indiana Jones não apareceu. Mas, se tivesse visitado o Pavilhão da Bienal de São Paulo na última semana, talvez nem fosse notado. As rampas e galerias projetadas por Oscar Niemeyer para receber exposições de arte pareciam cenários de filmes de ação. Cordas cruzavam o espaço entre uma coluna e outra e, de tempos em tempos, algum visitante destemido deslizava de um lado a outro preso por uma roldana. O local foi sede da quinta edição da Adventure Fair, a maior feira de ecoturismo e esportes de aventura do Hemisfério Sul, que teve apoio de ISTOÉ. Da quarta-feira 12 ao domingo 16, mais de 250 expositores, especializados em aparelhos e roupas esportivas, veículos e viagens, disputaram a atenção do público e exibiram suas novidades. “Esta é uma das raras feiras no mundo que unem em uma mesma ocasião equipamentos e destinos turísticos. O visitante pode comprar o tênis, a asa-delta e o pacote para as férias e sair daqui com tudo pronto”, resume o diretor da feira, Sérgio Bernardi. “No ano passado, o evento movimentou R$ 50 milhões. Este ano, apesar da estagnação econômica, as empresas de equipamentos esportivos tiveram um crescimento médio de 30%, justificado pela qualidade dos produtos lançados em substituição aos similares importados”, diz ele.
Um dos principais lançamentos deste ano foi a parede para escalada desenhada especialmente para ambientes pequenos. Comercializada pela Casa de Pedra, pode ser montada em condomínios e até na sala do apartamento. “Muita gente nos procurava com o interesse de ter em casa as paredes que viam em academias ou bufês infantis”, conta Eduardo Carceroni, um dos proprietários da empresa. O kit básico para paredes de até seis metros, confeccionado em resina texturizada, não sai por menos de R$ 10 mil com os equipamentos de segurança. Desmontável, é composto por módulos de 1,5 metro cada e pode ser instalado em qualquer lugar. Circuitos de arvorismo, modalidade que une trilhas suspensas e deslizamento em cordas entre copas de árvores, também foram comercializados na feira pela Alaya Expedições, especializada no segmento. A cada ano, cresce o interesse de hotéis e parques pelo aparato, sempre acompanhado por uma rede de proteção semelhante às de circo. Na feira, crianças e adultos puderam brincar de Tarzan e bancar o Homem Aranha nos cabos e redes de dois circuitos instalados pela Alaya, o Veticália e o Verticalinha, restrito a menores de quatro anos.
Outra novidade foi o lançamento da Hidro Power, engenhoca desenvolvida pela empresa UOSS que permite ao usuário “caminhar sobre as águas”. Trata-se de uma estrutura circular com 2,2 metros de diâmetro fabricada em PVC inflável – mesmo material dos botes de rafting – com uma esteira interna inspirada nas gaiolas de ramsters. É só embarcar na bóia gigante e se aventurar em rios, lagos e corredeiras. Para quem prefere acompanhar de longe as aventuras alheias, a sensação foi o lançamento do projeto Mundo Andino, liderado pelo alpinista Waldemar Niclevicz, primeiro brasileiro a alcançar o topo do Everest ao lado de Mozart Catão, já falecido. A partir de janeiro, ele e sua equipe rodarão durante três anos pela Cordilheira dos Andes com o objetivo de estudar a geologia, o clima, a fauna e a flora. Em 22 expedições de pelo menos um mês cada uma, serão escaladas mais de 100 montanhas e percorridos 100 mil quilômetros a bordo de um supercaminhão construído pela Volkswagem.
Avaliada em R$ 500 mil, a máquina pesa 14 toneladas, mede mais de quatro metros de altura e nove de comprimento, e foi equipada para suportar temperaturas de até 20 graus negativos. Com um motor de 210 cavalos, o caminhão promete vencer qualquer barreira. No Rally dos Sertões, em agosto, rodou quatro mil quilômetros e passou no teste. “O Andino venceu uma rampa com 50 graus de inclinação e encarou pisos acidentados sem nenhum problema”, conta Niclevicz. O destaque no veículo é o baú desenhado por Thierry Stump, o mesmo projetista dos barcos de Amyr Klink, que servirá de escritório e quarto para os viajantes. A Bienal, além de telas e esculturas, recebe agora até caminhões.