07/12/2005 - 10:00
Uma mudança radical nos programas
de governo, investindo nas ações sociais, na educação, na saúde e na habitação popular, é a principal responsável pelos elevados índices de aprovação do governo de Tocantins e do governador Marcelo Miranda (PMDB), que, segundo a pesquisa Databrain, chegaram a 80,3%, no caso da administração, e em 78,7%, em relação ao desempenho pessoal do governador. Criado pela Constituinte de 1988, Tocantins passou pelo menos uma década sendo conhecido no País apenas pelas obras, como a construção de uma nova capital, Palmas, no meio do cerrado, e de usinas hidrelétricas. Este quadro mudou desde que Marcelo Miranda tomou posse em 2003 e deve alavancar sua campanha para a reeleição no ano que vem. Para o governador, investir no social não quer dizer que a construção e recuperação de estradas e vias urbanas tenha que ser deixada de lado. O trabalho, intenso em um Estado tão grande, segue sendo feito (mais mil quilômetros de estradas e vias asfaltadas este ano) e é bem avaliado pela população.
Mas a estrela é mesmo a atuação no setor das ações sociais, nota mais alta na avaliação da pesquisa. Elas incluem o atendimento a 42 mil crianças de sete a 15 anos através dos Pioneiros Mirins, herdado de administrações anteriores e reformulado para que todos, além do auxílio de R$ 45 mensais, recebam aulas de cidadania e de educação ambiental, entre outras atividades. Mas a menina-dos-olhos é o Juventude Cidadã, que abrange adolescentes de 16 a 18 anos vindos de famílias com renda até R$ 300, em situação de risco ou não. O programa, que está em seu primeiro ano, já mudou, por exemplo, a vida de Camila de Souza Cunha, 17 anos, Flávio Bezerra de Araújo, 17, e Roncy Domingos de Souza, 18, integrantes de uma das turmas em Palmas.
Todos recebem R$ 75 e creditam ao programa a confiança que ganharam em relação às suas capacidades. “Aprendemos a ser mais responsáveis”, garantiu Camila, que está na Escola Técnica, preparando-se para ser eletrotécnica. Flávio, com a ajuda dos educadores do projeto (universitários que recebem bolsa de R$ 350), melhorou no português, matéria que vinha atrapalhando sua progressão escolar. E Roncy, que tinha problemas com alcoolismo, garante que mudou de vida depois de nove meses integrado ao Juventude Cidadã. “Ajudo nas despesas da casa, parei de beber e quero me preparar para arrumar um emprego”, conta. “Estamos formando cidadãos melhores”, afirma o governador.
Outro projeto que começa a mostrar resultado é o Cheque Moradia, que permite às pessoas de baixa renda comprar material de construção com recursos do governo. O dinheiro gasto pelo Estado vem da isenção de ICMS às empresas de material de construção. Na hora do recolhimento do tributo, as empresas e lojas – de preferência localizadas nas próprias cidades – descontam o total dos cheques moradia recebidos. As prefeituras das cidades se comprometem a doar os lotes e bancam a construção dos alicerces e dos baldrames das casas, que têm suas plantas aprovadas.
Alegria – Finalmente, cabe ao beneficiário entrar com a mão-de-obra. É isso que o mototaxista Valdeir Rodrigues da Silva, 50 anos, morador da cidade de Paraíso, a 50 quilômetros de Palmas, está fazendo. Com os primeiros R$ 3 mil recebidos, Valdeir, que tem uma renda mensal de R$ 400, com a qual sustenta a mulher e cinco filhos, comprou cimento, tijolos, ferro, etc. e pôs a mão na massa. “Estamos morando de favor na casa de um ex-cunhado de minha mulher. Mas em pouco tempo estaremos na nossa casa. Isso só vou conseguir por causa do Cheque Moradia”, comemora.
A administração de Marcelo Miranda também tem procurado desenvolver a agricultura familiar. Programas de aquisição obrigatória dos alimentos vindos de pequenas propriedades por parte da Merenda Escolar, por exemplo, já estão em andamento. E mesmo na geração de empregos, que teve nota abaixo de sete na pesquisa, os números mostram que, em menos de três anos, foram criados 111.087 empregos com carteira assinada, mais do que os 108.458 dos quatro anos da administração anterior. E Marcelo Miranda festeja ainda que 67,3% dos entrevistados consideram que ele tem usado corretamente o dinheiro público. “Isso mostra que a ética é um dos pilares de minha atuação”, afirma.