30/11/2005 - 10:00
Arte
James Ensor, um visionário em preto-e-branco
(Museu de Arte Brasileira da Faap, São Paulo) – Considerado um dos precursores do expressionismo, o artista belga James Ensor (1860-1949) tem sua produção gráfica reunida pela primeira vez no País em 131 gravuras, de temas os mais variados. Do retrato às cenas alegóricas – adoradas pelo grupo surrealista –, passando pelas paisagens mais realistas, o conjunto de gravuras de Ensor mostra um artista torturado pela idéia da morte, retratada no esqueleto de O meu retrato em 1960, ou seja, 100 anos após o seu nascimento, e na fantasmagórica A morte perseguindo a multidão de humanos. Ensor tinha também uma veia satírica em relação às convenções sociais, e contemplativa diante da harmonia da natureza, especialmente nas marinhas feitas no porto de Ostende, balneário belga onde nasceu, viveu e morreu. Não perca. (Ivan Claudio)
Cinema
Beijos e tiros (Em cartaz nacional a partir de sexta-feira 2) – O ladrãozinho nova-iorquino Harry Lockhart (Robert Downey Jr.) é confundido com um ator a caminho de uma filmagem em Hollywood. Já no estúdio recebe aulas do detetive durão – e gay – Perry van Shrike (Val Kilmer) e o filme decola com a aparição de Harmony Faith Lane (Michelle Monaghan), uma garota de interior que acredita nos detetives da literatura. O pastiche de filme noir marca a estréia na direção do roteirista americano Shane Black, conhecido pela série Máquina mortífera, e serve como veículo para Downey, que, desde Crimes de um detetive, vem recuperando o respeito da indústria cinematográfica. Não perca. (Luiz Chagas)
Música
Francisco Mário – Vida e obra (Sesc Rio Som, 224 págs., R$ 195) – Idealizado e produzido por Marcos Souza, trata-se de um songbook que atende, também, pela denominação de livro de poesia. E é difícil escolher qual é melhor, se as músicas, reproduzidas nos quatro CDs que acompanham a luxuosa edição de partituras, ou os poemas “tão mineiros e cheios de sugestões”, como disse Carlos Drummond de Andrade. Chico Mário, compositor e violonista, era irmão de Henfil e Betinho, o sociólogo Herbert de Souza, e, como eles, era hemofílico e morreu vítima de Aids, contraída numa transfusão de sangue. Deixou um disco inédito, Tempo, que faz parte do songbook organizado por seu filho Marcos. A obra, em português, inglês e espanhol, recupera um músico de qualidade que, apesar disso, quase nunca é lembrado no Brasil. Ouça sem parar. (Eliane Lobato)