De certa forma, o Grupo Rumo, que revelaria mais tarde a voz privilegiada de Ná Ozzetti, foi formado na USP em 1974 em torno das idéias de Luiz Tatit e o que chamava de “canto falado”. E a banda fez história apontando para o futuro fortemente embasada no passado, conforme a teoria de Tatit, hoje professor do Departamento de Lingüística da USP. As 13 composições do músico, cantor e compositor contidas em Ouvidos uni-vos (Dabliú Discos), sete delas em parceria, encerram a trilogia formada por Felicidade (1997) e O meio (2000) e definem Tatit como o compositor paulistano por excelência, ao lado de Itamar Assumpção e José Miguel Wisnik, na linha de Paulo Vanzolini e Adoniran Barbosa. Sucessos como Capitu, Carnaval do Geraldo e Atração fatal enganam. São “falsas fáceis”, cujos acordes simples encobrem um intrincado encadeamento que transforma letra em música e vice-versa. Aqui, Ná surge em Minta, parceria com Ricardo Breim, e Tatit é secundado por Marcelo Jeneci, teclados, Adriano Busko, bateria, pelo irmão Paulo, no baixo, e o filho Jonas, no segundo violão. Docemente genial.