30/11/2005 - 10:00
No dia 20 de janeiro do ano que vem, o jornalista Ivan Lessa completa 28 anos de residência londrina, algo que não abdica nem para passar o Carnaval no torrão natal, visitar parente enfermo ou receber prêmio – ou herança. Paulista criado no Rio de Janeiro, o filho do escritor Orígenes Lessa passou por vários órgãos de imprensa e participou da criação do jornal O Pasquim, ao lado de Tarso de Castro, Jaguar, Millôr Fernandes, Ziraldo e Paulo Francis, entre outros. Driblando há anos a promessa de escrever algo mais longo – uma novela, quem sabe um romance –, Ivan mantém seu público em um regime rigoroso, alimentando-o com coletâneas de crônicas originalmente publicadas no site da BBC Brasil (www.bbcbrasil.com).
O segundo volume, O luar e a rainha (Companhia das Letras, 288 págs., R$ 44), traz uma amostra do que escreveu nos últimos cinco anos – o primeiro, Garotos da fuzarca, é de 1987. Especialista em garimpar o que há de precioso, ou ridículo, no prosaico, Ivan vê o mundo com o distanciamento de um alienígena – o que de fato é. A internet é a Anete, a amante; blog bom é o do rei Norodom Sihanouk, do Camboja, um senhor de 81 anos cujo texto é escrito à mão e depois escaneado; o Halloween foi macaqueado no Brasil juntamente com o crack e o hip hop. O luar do título é um verbo. “To mooning” significa mostrar o bumbum para a Lua. Ou para a rainha, no caso. Como Lessa fez com o Brasil.