12/11/2003 - 10:00
O dólar continua nas alturas. Mas, mesmo assim, os brasileiros voltaram a arrumar as malas rumo ao Exterior. Relatório sobre gastos com viagens internacionais de turismo divulgado pelo Banco Central há duas semanas mostrou que as despesas aumentaram 41% em setembro em relação a dezembro do ano passado. Se comparado a fevereiro deste ano, o aumento chega a 81%. As empresas aéreas brasileiras também registram bons números. Hoje, as ocupações nos vôos internacionais chegam a 80%, em um momento considerado de média temporada. Em julho, mês de férias, esse índice chegou a 90%.
O setor comemora. Mas Tio Sam não deve estar nada feliz. As exigências para se conseguir visto de entrada para os Estados Unidos, mesmo para passageiros em trânsito, estão deixando o país meio de fora. A queda na procura por esse destino chega a 30%. No lugar, entram Europa, América Central e América do Sul, com destaque para Espanha, Portugal, Caribe, Argentina e Chile. A procura por esses lugares aumentou 18% em relação ao mesmo período do ano passado. O dado é da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) e foi divulgado na terça-feira 4, em São Paulo, durante o 20º Encontro Comercial promovido pela associação. Por enquanto, é possível encontrar passagens para as Américas. Mas quem quiser visitar, ou mesmo passar o Natal e o réveillon no Velho Continente, é bom se apressar.
Hoje, está difícil conseguir lugar num vôo para as principais cidades da Europa. Passagens promocionais, que podem chegar até a metade do preço cheio, já não existem. Além da restrição ao visto americano, a oferta de lugares foi reduzida. “Com a crise do setor no ano passado, algumas companhias aéreas que operavam vôos distintos com saídas do Rio e São Paulo acabaram operando um só vôo”, explica Altamir Toledo, da Solfesta Turismo, de São Paulo. Também foram cancelados vôos que partiam diretamente de Buenos Aires e Santiago do Chile para a Europa e passaram a fazer escala em São Paulo. “Como o mercado de viagens para a Europa reaqueceu de repente, a malha aérea atual é insuficiente”, completa Toledo.
Apesar da procura, por enquanto as empresas aéreas não parecem dispostas a aumentar o número de vôos. Algumas, como a Varig, estudam uma alteração de rota por conta da exigência americana. O vôo para o Japão, que tem escala em Los Angeles, poderá fazer conexão em alguma cidade da Europa, como Frankfurt. Enquanto isso não acontece, os vôos lotam. Curiosamente, está ainda mais difícil vir da Europa para o Brasil do que o inverso. “É que, além dos turistas estrangeiros que a esta altura já estão à procura de um pouco de sol, muitos brasileiros que moram lá vêm passar o fim de ano com a família”, diz Doroti Dobner, diretora de vendas da Agaxtur Turismo, de São Paulo.