Na direção contrária do bombástico lançamento anterior, para driblar a avassaladora pirataria o terceiro e último episódio da saga criada pelos irmãos Andy e Larry Wachowski, Matrix revolutions (The Matrix revolutions, Estados Unidos, 2003), estreou mundialmente em silêncio na quarta-feira 5. Silêncio em termos, já que todos sabiam da época do lançamento, sem falar que a história original vinha sendo requentada através de games, desenhos eletrônicos e da chegada às locadoras do DVD de Matrix reloaded. Na verdade, Reloaded, lançado em maio, e Revolutions foram concebidos, produzidos e rodados como um só filme.

O episódio inicial da trilogia descreve uma situação inusitada em que o mundo real, semelhante ao nosso, é desmascarado como um simulacro e a realidade se afigura um pesadelo passado entre as cavernas dos humanos de Zion e a fantasmagórica Cidade das Máquinas. Reloaded, que arrecadou quase US$ 800 milhões, uma das dez maiores bilheterias da história, ao mesmo tempo que confirma Neo (Keanu Reeves) como “o escolhido” para apaziguar o confronto homens versus máquinas, questiona o conceito de real ao revelar que o encarregado de revelar a realidade não passa de outro programa de computador, o Oráculo.

Nessa linha, Revolutions conclui a história dando um arremate a cada personagem e ao próprio enredo ao custo de US$ 110 milhões, parte gasto nas “apenas” 800 tomadas de efeitos visuais. Sob qualquer
ponto de vista, seu começo é arrastado. Neo, em coma, vaga por
uma zona fantasma existente entre o mundo real e a Matrix. Em
seguida, o filme transforma-se em uma espécie de episódio perdido de Star wars, com batalhas intermináveis entre andróides comandados por humanos, as APUs – sigla em inglês de Unidade Pessoal Blindada –, e os sentinelas, robôs metálicos parecidos a pulgas gigantes. Na sequência final, depois de um duelo fantástico entre Neo e seu inimigo, o agente Smith (Hugo Weaving), programa independente que insiste em se multiplicar, duas espaçonaves percorrem o interior da Terra em
direções opostas. Morpheus (Laurence Fishburne), protetor de Neo, e Niobe (Jada Pinkett Smith, mulher de Will Smith), guerreira de Zion, levam seu veículo para baixo em direção a Zion; Neo e sua namorada Trinity (Carrie-Anne Moss) voam em direção à superfície, rumo à Cidade das Máquinas. Como diz a publicidade de Matrix revolutions, tudo que tem um começo tem um fim. Mas os Wachowski criaram um universo tão complexo e fascinante que a adoração e a especulação provocadas não devem conhecer tão cedo um desfecho.