27/02/2002 - 10:00
Era uma vez uma árvore que amava um menino que todos os dias juntava suas folhas e com elas fazia coroas de rei e com elas brincava de rei da floresta, subia em seu grosso tronco, balançava-se em seus galhos, comia suas maçãs e brincava de esconder… o conto está no livro A árvore generosa, do autor americano Shel Silverstein, traduzido para o português pelo escritor Fernando Sabino. A obra faz parte do acervo de dez mil livros infantis, também incluindo obras de Monteiro Lobato, Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Guimarães Rosa, entre outros, que serão distribuídos em escolas públicas de comunidades carentes na Amazônia. Os livros irão para bibliotecas que serão implantadas em 30 escolas daquela região.
A iniciativa faz parte da Expedição Vaga lume, um projeto educacional criado por três amigas que tinham um sonho em comum: viajar pelo Norte do País levando educação e cultura a estudantes de regiões de difícil acesso. A goiana Laís Fleury, 27 anos, administradora de empresas, e as amigas paulistas Sylvia Guimarães, 24, historiadora, e Maria Teresa Meinberg, 24, relações públicas, idealizaram o projeto em 1999 durante uma viagem de férias à Ilha de Marajó, em Belém. “Era só uma idéia. Não tínhamos certeza do que seria feito exatamente”, lembra Laís. Depois de observar os hábitos e costumes daqueles moradores, decidiram por um projeto de educação. “Voltamos com muita vontade de concretizar logo a nossa idéia, mas não foi fácil. Tivemos que pesquisar a região, conversar com especialistas, até chegarmos a um formato ideal”, conta Maria Teresa. Dois anos depois, nascia a Expedição Vaga lume.
A partir de então, deram início às atividades. A primeira foi desenvolvida com os professores. “Era preciso estimular a leitura com eles para que pudessem passar isso para os seus alunos,” lembra Sylvia. Terminada esta etapa, em março elas partem para executar a tarefa mais importante do projeto: montar as bibliotecas nas escolas. Durante nove meses elas irão percorrer as comunidades e quilombos, levando o que consideram fundamental para o desenvolvimento humano: educação e cultura. “Tenho a sensação de que isso é apenas o começo”, afirma Sylvia. O projeto é patrocinado pela financiadora de carros Finaústria e pela Amazônia Celular. Mas conta também com a colaboração da Força Aérea Brasileira (FAB), que as transporta para as regiões onde só é possível chegar de avião. Pelo jeito, essas meninas ainda vão longe. “O vaga-lume deixa rastros de luz por onde passa. Esse é o nosso objetivo,” afirma Sylvia.