Na terça-feira 28, os repórteres Mário Simas Filho e Alan Rodrigues embarcaram em um avião rumo à região do Pontal do Paranapanema, em São Paulo, a cerca de 600 quilômetros da capital. Os jornalistas foram aferir os motivos que mantêm na cadeia, por quase quatro meses, José Rainha Jr. Ele é o líder local do polêmico Movimento dos Sem Terra (MST), é casado e pai de duas crianças de dois e dez anos, que estão sob os cuidados de parentes, pois a mãe, Diolinda, também está presa. Em um ano em que as relações do MST com o governo estão conturbadas por não haver dinheiro para novos assentamentos e por ainda não ter sido implementada uma política mais racional para o campo – evidentemente, não adianta só dar terra se não se viabiliza uma efetiva reforma agrária, regida pelo bom senso e pela competência –, a tendência é de radicalização: o MST exorbita na sua estratégia de ocupações e os proprietários rurais obviamente reagem. No Pontal, essa tensão tem um ingrediente a mais: as polêmicas decisões de um juiz de 34 anos que determina seguidas prisões de sem-terra são, mais tarde, revogadas em instâncias superiores. Quem paga a conta desse embate jurídico são os presos e inocentes, como Sofia e João Paulo, filhos de Rainha e Diolinda. Tudo isso, longe de apresentar uma solução para a questão agrária, acirra mais ainda as delicadas relações.

Nem tão polêmicos, mas em situação bem mais complicada estão
três juízes federais em São Paulo. Investigados sigilosamente há mais
de um ano em uma operação com o sugestivo nome de Anaconda, são acusados de corrupção, formação de quadrilha e outros crimes. No apartamento da ex-mulher de um deles, que foi presa, a Polícia Federal encontrou, entre outras coisas, um amontoado de dinheiro que somava cerca de US$ 550 mil.

A boa notícia dos magistrados está em outra reportagem desta edição.
A partir de declaração a ISTOÉ do secretário Nacional de Reforma
do Judiciário, Sérgio Renault, a repórter Liana Melo foi ver por que a Justiça no Rio de Janeiro começa a funcionar melhor, depois que o
ex-governador Anthony Garotinho proporcionou autonomia financeira
ao Judiciário carioca.