05/11/2003 - 10:00
Foi uma festa. A compra do FleetBoston pelo Bank of America (BofA) – um negócio de US$ 47 bilhões anunciado na segunda-feira 27 – foi comemorada aqui pelos 4,1 mil funcionários do BankBoston, braço do Fleet no Brasil. “Fazer parte do terceiro maior banco do planeta é um privilégio”, disse, animado, Geraldo Carbone, 47 anos, presidente da instituição no País. E é para ficar animado mesmo. Desde a compra da Time Warner pela America Online, em 2000, por pouco mais de US$ 112 bilhões, não se via um negócio tão vultoso. A fusão de dois dos mais tradicionais bancos americanos criará um novo conglomerado financeiro de US$ 933 bilhões em ativos, US$ 437 bilhões em depósitos e 180,7 mil empregados, espalhados em 34 países. No mercado americano ficará atrás apenas do Citigroup, que possui ativos de US$ 1,2 trilhões.
No Brasil, o impacto não será tão grande em termos de posicionamento. O novo grupo continua como o 13º no ranking dos maiores em ativos do Banco Central, porque aqui o Bank of America não revelou o que é de fato o Bank of América – uma potência com ativos de US$ 737 bilhões e maior banco de varejo dos Estados Unidos. No Brasil, desde 1994, o banco americano tenta inutilmente se firmar. Nos últimos 12 meses houve uma redução de cerca de 70% nos seus investimentos no país. Já o BankBoston, controlado pelo Fleet desde 1999, cuja presidência já esteve com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, tem uma história completamente diferente. Em seus quase 60 anos de mercado brasileiro, o banco inaugurou 67 agências nas principais cidades e se tornou um dos maiores administradores de fundos de investimentos, hoje com um volume de R$ 16,6 bilhões. O lucro de R$ 237 milhões no primeiro semestre deste ano é 13% superior ao de igual período de 2002. “Estamos aqui há 60 anos com uma história bem-sucedida”, diz o executivo.
O fato de o negócio acontecer em um momento favorável para o Brasil, com a economia dando os primeiros sinais de retomada, só reforça a idéia de analistas de que a nova operação deve começar seu processo de internacionalização por aqui. “O Brasil tem um perfil de risco confiável. Estamos confiantes e otimistas”, disse Carbone. Não ter se dado bem no Brasil não deverá ser um obstáculo para que o banco agora fortaleça suas operações no País e em todo o continente latino-americano. Até porque já existe uma sintonia entre os negócios que o BankBoston faz aqui no chamado mercado corporate (grandes clientes) com o que o BofA faz nos Estados Unidos e Europa. “Vamos continuar fazendo negócios com as mesmas empresas que são clientes do banco nos Estados Unidos e Europa”, diz Carbone. A nova corporação terá como presidente Eugene McQuade, e o BofA terá 12 das dez cadeiras do Conselho. Charlers Gifford, o executivo da Fleet, assumirá a presidência do conselho.