05/11/2003 - 10:00
A guerra apenas começou |
Conforme já é sabido, o ex-presidente Fernando Henrique e o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, trocaram mesuras e pedidos de desculpas ao telefone, na quinta-feira 30. FHC, pela entrevista ao jornal El País na semana anterior, justo quando Lula recebia na Espanha o Prêmio Príncipe de Astúrias. Dirceu, porque respondeu que o ex-presidente devia cuidar dos netos e da sua biblioteca. Desligaram o telefone como se tudo tivesse voltado ao normal. Mas ambos não conseguiram nem tentaram interromper a onda de tiros entre o PSDB e o governo. Adversário de Lula na última eleição, o ex-ministro José Serra está se preparando para voltar à ribalta. Seu nome já foi sacramentado pela cúpula tucana como futuro presidente do PSDB. E Serra, que andava escondido, pretende voltar com munição para criticar a atuação do governo em várias áreas. Sua primeira missão: acabar com o clima de lua-de-mel entre os governadores do partido e o presidente petista. |
Síndrome de ex-governista
O deputado Moreira Franco (PMDB-RJ) contou no Congresso uma historinha sobre o sofrimento dos ex-governistas. É o caso do deputado e ex-ministro Luiz Carlos Santos (PFL-SP). Ele costuma pedir emprestado o carro oficial e o motorista do primeiro-secretário da Câmara, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). Intrigados com o fato de Luiz Carlos usar o veículo por apenas dez minutos, Geddel e Moreira abordaram o ex-ministro. Resposta: “Há 32 anos que sou governista. Só andava de carro oficial. Agora, na oposição, o jeito é pedir emprestado ao Geddel e dar uma voltinha na Esplanada dos Ministérios. Só para matar a saudade.”
Síndrome do funcionalismo público
Bastou José Sarney estabelecer nova gratificação para um funcionário
da presidência do Senado e a confusão instaurou-se na Casa. Todos os chefes de gabinete de senadores exigiram equiparação. Um aumentozinho de cerca R$ 1.500 no contra-cheque de cada um. Ou seja, cerca de
R$ 1,5 milhão a mais por ano serão gastos com salários do Senado.
Síndrome paraguaia
O ministro Edson Vidigal, vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça, descobriu, numa reunião de juízes do Mercosul, que o Paraguai não devolveu ao Brasil todas as urnas eletrônicas emprestadas para as últimas eleições daquele país. O temor agora é que nos mandem de
volta urnas falsificadas.
Síndrome dos salários extras
Ninguém vai confirmar agora. Será o mesmo corpo mole até o final do ano. Mas já está acertado entre o Executivo e o Legislativo que haverá convocação extraordinária do Congresso a partir de janeiro. O calendário das reformas está atrasado. Parte da reforma tributária deve retornar à Câmara para nova votação. E os parlamentares, claro, não vão reclamar. Afinal cada um deles receberá dois salários extras pela convocação.
Rápidas
• Os dissidentes do PT, que pretendem fundar um novo partido de esquerda, já escolheram a senadora Heloísa Helena como futura candidata da legenda a presidente da República.
• Lula e seu núcleo duro não querem nem ouvir falar do convite que o presidente do STF, Maurício Corrêa, fez para uma conversa franca
sobre a crise entre Judiciário e Executivo.
• Na reforma ministerial, o presidente Lula gostaria de promover para ministra a secretária-executiva do Bolsa-Família, Ana Fonseca. Mas
nem Lula sabe se conseguirá emplacá-la.
• Líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros não sabe se consegue.
Mas seu candidato a ministro pelo PMDB é o senador Romero Jucá (RO). Ex-oposicionista radical, agora governista.