05/11/2003 - 10:00
As feridas da eleição presidencial do último ano, que levou Lula à Presidência, foram reabertas na semana passada. Parlamentares do PSDB e do PFL que apoiaram o segundo colocado na disputa, o ex-ministro tucano José Serra, pretendem criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o suposto envolvimento de advogados, sindicalistas da CUT, deputados e assessores da campanha petista num esquema de espionagem para prejudicar os adversários. Os dois partidos de oposição querem saber do
ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que providências ele tomou para investigar as denúncias. O ministro negou que tenha havido espionagem. “Se tivesse alguma coisa, eu teria sabido. Mas nunca houve, com certeza”, disse.
A primeira crise gerada pelas denúncias foi a saída do presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Paulinho, que foi candidato a vice na chapa de Ciro Gomes (PPS) – hoje ministro da Integração Regional de Lula –, foi acusado, durante a campanha, de envolvimento em irregularidades na administração da Força. Segundo a revista Veja, em reportagem publicada na semana passada, dossiê com os documentos sobre o caso estaria sendo vendido pelo sindicalista Wagner Cinchetto, um dos assessores da campanha de Lula, que pretendia fotografar Paulinho comprando a papelada. Mas, nos bastidores, Ciro tem dito que as acusações contra Paulinho partiram do governo Fernando Henrique Cardoso. Os petistas suspeitam que as atuais denúncias vieram do tucanato, interessado em “limpar” a imagem do PSDB, que na campanha presidencial também teria usado armas pouco ortodoxas contra Ciro e a então candidata do PFL, Roseana Sarney.
Ainda segundo a revista, até o procurador Luiz Francisco de Souza teria participado da trama a pedido de assessores da campanha petista. Ele teria solicitado à controladoria de atividades policiais do Ministério Público Federal que requisitasse à Polícia Federal 40 fitas com gravações telefônicas ilegais que continham conversas de assessores da Prefeitura de Santo André suspeitos de corrupção. Se vazasse, o conteúdo das gravações poderia prejudicar o candidato Lula, já que Santo André é dirigida pelo PT. O procurador afirma que tudo o que fez foi avisar a um procurador do grupo de controle que as fitas eram uma armação.