13/02/2002 - 10:00
A polícia paulista atira no que vê e anda acertando no que não vê. O subproduto das investigações sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), na avaliação do comando da segurança pública do Estado, são cativeiros sendo estourados, sequestrados libertados, quadrilhas presas independentemente da ligação com o crime que vitimou o líder petista. A Polícia Militar mostra serviço. Blitz são espalhadas por toda a cidade, aumentando os congestionamentos. Na operação Celso Daniel, a polícia libertou, em Ibiúna, o empresário Francisco Faria Machado, 75 anos. Ele estava sob a guarda de sequestradores havia 20 dias.
A sociedade agradece, mas não está satisfeita. Em Santo André, um placar de protesto foi instalado no Paço Municipal, na terça-feira 5, com a inscrição: “Hoje são 18 dias de luto sem solução.” A Polícia Civil, que, dentro do possível, trabalha em conjunto com a PM e com a PF, dá a entender que as investigações estão mais avançadas do que se pensa. Ela insiste que chegar ao matador do prefeito é questão de tempo. A polícia seguiu para a Bahia atrás de um dos homens que teriam participado do crime. Ele é conhecido por Itamar e teve seu retrato falado divulgado na quinta-feira 7. Quem passou as informações foi Manoel Dantas de Santana Filho, o Cabeção, preso no dia 31. Ele apontou seis homens que teriam participado da operação: Itamar, André Cara Seca, Bozinho, Cara de Gato, Serginho e Kiti. Manoel é dono da casa que teria servido de cativeiro para Daniel, estourada na favela Pantanal, na zona sul. No local, a polícia encontrou um extrato de seguro de saúde em nome do prefeito. Manoel contou à polícia que alugou o local para o bando e viu Bozinho guardar um Santana azul na garagem, no dia do crime (18/1). Nesse mesmo dia, Manoel também viu uma blazer verde parada na rua com os demais comparsas dentro. A polícia já prendeu seis suspeitos e espera pôr a mão em pelo menos três.
Enquanto a PF, que pediu a quebra do sigilo bancário de Daniel, segue uma linha de investigação voltada para dentro da Prefeitura de Santo André, a Polícia Civil sinaliza que o crime pode ter sido comum, embora não descarte outras possibilidades. O bando que teria atuado no crime é jovem, entre 20 e 22 anos, e conhecido por sequestros-relâmpagos, roubo de carros e tráfico. A simplicidade da equação gera desconfiança, mas a polícia adverte: haverá surpresas não apenas no caso de Daniel.
A morte de Toninho, prefeito de Campinas, vai pela mesma linha.