Hoje é comum encontrar pacientes que não saem satisfeitos do consultório sem o pedido de pelo menos um exame laboratorial. Mas engana-se quem pensa que os testes têm resposta para tudo. A fibromialgia é uma das poucas doenças que não são detectadas em exames. Por isso, muita gente com esse problema acaba perambulando de médico em médico, com uma coleção de resultados negativos, sem conseguir descobrir a razão do sofrimento. E haja desconforto. A enfermidade é uma síndrome de amplificação da dor, marcada
também por fadiga inexplicável. Apesar de ainda não se conhecer
sua causa específica, sabe-se que ela está ligada ao equilíbrio
emocional, a uma predisposição genética e ainda a traumas
físicos e até mudanças climáticas.

Detectar a doença, que afeta cerca de 5% da população mundial, não é simples. “Conseguimos diagnosticá-la por meio do histórico detalhado do paciente e da identificação da dor em pelo menos 11 dos 18 pontos dolorosos que caracterizam a fibromialgia”, explica a reumatologista Evelin Goldenberg, professora da Universidade Federal de São Paulo. Um dos problemas da enfermidade é justamente a falta de informação dos médicos. Como ela é recente, de diagnóstico exclusivamente clínico e tem sintomas que se parecem com os de outros males, muitos profissionais se enganam na avaliação. “Ainda não há tanto conhecimento sobre a doença no meio médico”, comenta João Carlos Brenol, professor de reumatologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A enfermidade pode ser confundida com males cardíacos, de circulação e psiquiátricos – julga-se que o paciente está inventando as dores.

Não é à toa, portanto, que existam fibromiálgicos se tratando de problemas que, de fato, não têm. A cabeleireira Josefina Ilse, 56
anos, é exemplo disso. Durante 15 anos, ela peregrinou por consultórios de diversos especialistas até encontrar a causa de seus tormentos. “Tratei-me de uma série de doenças e nada das dores passarem. Um médico disse que eu precisava de ajuda psiquiátrica”, lembra-se. Josefina chegou a frequentar os Neuróticos Anônimos. Em 1993, a cabeleireira recebeu o diagnóstico correto. Seu quadro melhorou sensivelmente. Agora, ela faz apenas exercícios e acupuntura e participa de grupos
para pacientes com o mesmo problema.

O tratamento varia de acordo com as queixas e o histórico do doente. Entre os remédios utilizados, há antidepressivos e analgésicos. A atividade física é importante, assim como uma boa noite de sono. Em alguns casos, recomenda-se psicoterapia. “Exercícios são fundamentais, mas eles devem ser leves e progressivos para não gerar mais dor”, alerta Evelin. Uma pesquisa recente realizada pelo psicólogo Luiz Paulo de Souza, da Universidade de São Paulo, mostrou que o relaxamento pode ajudar a controlar as dores, sendo um ótimo parceiro da terapia. A acupuntura também já é bastante usada como complemento.