29/10/2003 - 10:00
A hora do corpo mole do PMDB |
Tudo bem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT fizeram gato e sapato do PMDB. Juraram por três vezes que entregariam alguns ministérios para o partido e, até agora, nada… Prometem então que será na virada do ano, deixando os pobres peemedebistas sem ter o que dizer de público. Mas o troco está sendo armado. Na reunião-almoço semanal do partido, na quarta-feira 22, o líder do governo no Congresso, Amir Lando (PMDB-RO), abriu o verbo: “Eu que sou líder, nem sei mais dizer se o PMDB hoje é ou não é governo.” O episódio foi contado pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, ao próprio ministro-chefe da Casa Civil, o todo-poderoso José Dirceu. Com a seguinte ameaça: “A insatisfação no partido é tão grande que temo pelas reformas.” É a velha e costumeira senha do PMDB para quase todos os governos anteriores, sempre arredios ao partido: daqui para a frente, será o morde-e-assopra, o corpo mole em votações decisivas até que o governo entregue os pontos. Ou melhor, entregue os cargos. Vale conferir como se comportará, neste caso, um governo do PT. |
Com louvor
O Boletim Confidencial nº 13 da Abin registrou, no dia 15 de julho passado, um elogio da diretora-geral Marisa Diniz ao servidor Gerci Firmino da Silva, que na época deixava a chefia do Departamento
de Operações de Inteligência da Abin, onde teria se destacado
pela “dedicação extrema, a lealdade, a honestidade de propósito
e o entusiasmo pela profissão”. A operação mais inteligente de
Gerci, segundo o Ministério Público, foi a coordenação em 98
do grampo da privatização das teles, um meganegócio de
R$ 22 bilhões. O elogiado Gerci é agora assessor do diretor-geral
adjunto na sede da Abin, em Brasília.
Candidatos
Não convidem para o mesmo PT a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, e o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Ambos são candidatíssimos ao governo de São Paulo, só que Marta sonha, antes, passar por uma reeleição. Dirceu quer que Marta coloque um peemedebista como vice da chapa. Mas ela não abre mão de alguém de sua confiança. E ainda acha que é o ministro quem dá respaldo ao presidente do BNDES, Carlos Lessa, nas restrições ao empréstimo de R$ 400 milhões para a prefeitura.
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Rápidas
• Nova promessa. O ministro José Dirceu marcou com a cúpula peemedebista um encontro na próxima terça-feira 28. Disse que desta vez irá discutir a sério os ministérios do partido.
• O líder do PMDB na Câmara, Eunício Oliveira, era dado como nome certo para ministro. Com isso já estavam sendo articuladas as candidaturas a sua sucessão. Agora virou bagunça.
• Adiada a reforma ministerial, ficou no ar a reeleição de José Sarney para presidente do Senado. Troco do PMDB: está suspensa a reeleição do presidente da Câmara, João Paulo Cunha.
• Raciocínio do núcleo duro do Planalto. O adiamento da reforma trouxe um ganho: o PMDB, cujo líder Renan Calheiros já sonhava com três ministérios, agora aceita dois de bom grado.