O Brasil está começando a se firmar como um dos maiores exportadores de arte e cultura de qualidade. E não só de artistas que vendem milhões de cópias e lotam platéias aqui e no Exterior. Trata-se de valorizar o trabalho independente e autoral, que representa genuinamente a famigerada “diversidade cultural” brasileira e ver a arte como instrumento de inclusão social. É esse o conceito do Mercado Cultural Mundial, que reúne milhares de artistas independentes do mundo todo durante uma semana em Salvador.

O evento, que chega à quinta edição maior do que nunca, será entre os dias 2 e 7 de dezembro deste ano. Na programação, além dos espetáculos, estão incluídos debates e palestras sobre políticas culturais e temas afins. Sem falar do grande balcão de negócios em que se transforma a capital baiana. Produtores, selos e agentes trocam informações e fecham contratos. O impacto econômico do Mercado chegou a mais de US$ 5 milhões no ano passado e deve superar – e muito – essa cifra em 2003.

Mais de 100 mil artistas, agentes e produtores do mundo todo, e ainda 30 grandes investidores estrangeiros, devem circular por Salvador. O sucesso da iniciativa é tanto que “o evento foi citado na imprensa européia como um dos três maiores do gênero no mundo”, comemora Ruy César Silva, idealizador e responsável pelo agito, que este ano vai empregar mais de duas mil pessoas e contará com a presença do ministro da Cultura, Gilberto Gil, na festa de abertura.

O Mercado Cultural de 2003 vai também servir de mola propulsora para um projeto ainda maior. É o I Fórum Cultural Mundial, que vai acontecer no ano que vem, na cidade de São Paulo. A iniciativa nasceu de discussões entre entidades nacionais e internacionais sobre políticas de desenvolvimento social. “O fórum está sendo planejado há mais de três anos”, calcula Danilo Miranda, presidente do Comitê para o Fórum, que conta com o apoio de gigantes como a Fundação Ford e a Unesco. Entre 26 de junho e 4 de julho, espaços públicos e casas de show da capital paulista serão tomados por espetáculos de vários gêneros. O coração do fórum, porém, é a série de debates, mesas-redondas e palestras sobre desenvolvimento sociocultural e políticas de incentivo à criação artística e tecnológica com especialistas vindos de todos os cantos do planeta.

“A cidade, nesse período, ficará transformada,” vislumbra Miranda. Para os organizadores do fórum, que tem o apoio do Mercado Cultural de Salvador, a hora é agora para uma discussão decisiva sobre os rumos da indústria cultural. E nada mais justo que o Brasil seja o palco desse debate. “Somos um pólo qualificado para isso. A idéia é dar voz e vez a quem geralmente não tem. Precisamos fomentar a produção cultural e espalhar a arte latino-americana, africana e asiática pelo mundo. Nossos principais focos estão ao Sul do Equador”, filosofa Miranda. Já que o Brasil está na moda, que o mundo venha ver o que é que o País tem, além de Carnaval, futebol e axé.