Em 1968, no auge da ditadura, o poeta fluminense radicado em São Paulo escreveu um longo poema de 89 versos dedicado ao russo Wladimir Maiakóvski. O curioso é que 15 destes versos se tornaram independentes, chegando a ser atribuídos ao próprio Maiakóvski. O engano começou quando o psicanalista e escritor Roberto Freire os publicou na epígrafe de seu livro Viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu. Tais versos – entre eles “na primeira noite, eles se aproximam/e roubam uma flor/do nosso jardim” – correram mundo, foram traduzidos para várias línguas, estampados em camisetas, transformados em pôsteres e ainda por cima também atribuídos a escritores como Gabriel García Márquez, Bertolt Brecht, Wilhelm Reich e ao poeta e estadista africano Leopold Senghor. Num dos últimos capítulos da novela global das oito, Mulheres apaixonadas, seu autor, Manoel Carlos, resolveu incluir a confusão envolvendo o poema. A exposição diante de milhões de espectadores motivou Eduardo Alves da Costa a publicá-lo junto com outros poemas de sua autoria. Curiosidade: embora seja exaustivamente reproduzido, o autor nunca recebeu um tostão de direitos por ele.